O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É falsa a afirmação feita pelo Sr. Deputado Lino Lima, a quem, aliás me liga uma grande amizade na luta antifascista que atravessámos juntos, mas, de momento, dirijo-me-lhe na condição de Deputado. Quero protestar quanto à insinuação que fez de que o CDS, ao fazer o discurso que entendeu ser seu dever fazer, assumiu a defesa do Governo.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Não assumiu, nem assumirá.

O Orador: - A afirmação não é minha, Sr. Deputado. É do Sr. Deputado Lino Lima.

Nós queremos dizer publicamente que é o mesmo raciocínio, mutatis mutandis, e com o respeito devido ao Sr. Deputado Lino Lima e o desrespeito às pessoas que outrora faziam, daqueles que acusavam a oposição democrática de ser comunista por os comunistas se oporem também a Salazar.

Aplausos do PS.

O Sr. Vitall Moreira (PCP): - Não percebeu nada, Sr. Deputado.

O Sr. ]Presidente: - O Sr. Deputado Lino Lima deseja fazer um contraprotesto?

O Sr. Lino ]Lima -(PCP): - Exactamente, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade, Sr. Deputado.

Aplausos do PCP.

Vozes do CDS: - Não apoiado!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado José Luís Nunes pede. novamente a palavra?

Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. José Luís Nunes (PS): - É para dar uma explicação ao Sr. Deputado Lino Lima e à Câmara, nos termos regimentais.

O Sr. Presidente: - Queira dar a explicação, Sr. Deputado.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Dado que o Sr. Deputado Lino Lima invocou a ironia e a sua pergunta não passava de uma brincadeira, o meu protesto, efectivamente, perdeu a razão de ser.

O Sr. Presidente: - Também para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Sousa Marques.

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Sr. Deputado Rui Pena: Por duas vezes o Sr. Deputado referiu que os trabalhadores da função pública foram instrumentalizados: no princípio da sua intervenção, disse que tinham sido instrumentalizados pelo Partido Comunista Português, e a meio da sua intervenção afirmou e avançou que tinham sido instrumentalizados pelo Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública.

Em primeiro lugar, Sr. Deputado, devo dizer-lhe, antes de expor as perguntas que quero formular, que considero isso um insulto não só para os trabalhadores da função pública, como para todos os trabalhadores do nosso país, e, em ralação às perguntas que tenho para fazer, gostava de perguntar-lhe se é verdade ou não que a direcção do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública é altamente representativa desses trabalhadores, porque participaram trabalhadores da função pública nas suas eleições, nas eleições mais participadas do movimento sindical português.

Segunda questão: Se é verdade ou não que o Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública entregou aqui, juntamente com outros sindicatos representativos dos trabalhadores da função pública, uma petição assinada por quase 60 000 trabalhadores e se o Sr. Deputado já verificou se as assinaturas desses quase 60 000 trabalhadores - que, segundo o Sr. Deputado, foram colhidas, muitas delas, no metropolitano - são de trabalhadores da função pública ou de trabalhadores que não o são, como o Sr. Deputado disse.

Outra questão que lhe queria pôr era a seguinte: Referiu-se o Sr. Deputado Rui Pena ao êxodo dos quadros da função pública. Eu gostava de lhe recordar, Sr. Deputado, que o êxodo não foi fundamentalmente dos quadros da função pública, mas sim de quadros que tinham salários bastante mais elevados do que o salário máximo da função pública. Gostava de aproveitar a ocasião para saudar aqui os trabalhadores da função pública, e especialmente os quadros dos trabalhadores da função pública que se mantiveram nos seus postos de trabalho, que não foram para o Brasil procurar outras condições e se mantiveram no seu posto de trabalho, defendendo também aqui a Revolução.

O Sr. Narana Coissoró (CDS):- Afazer o gonçalvismo!

O Orador: - Portanto, eu gostava de perguntar ao Sr. Deputado Rui Pena em que é que fundamenta a sua intervenção para dizer que os quadros da função pública desertaram deste país, que houve um êxodo dos mesmos e que hoje temos de chamar esses quadros?

O Sr. Presidente: - Os Srs. Deputados devem formular sinteticamente os pedidos de esclarecimento. Não é isso que está a acontecer.