a concelho, farei uma pequena resenha histórica de como nasceu a Amadora, de como muitos antigos se riam, falando com escárnio da Amadora como a Porcalhota. Para tal, poderia remontar a uma data muito anterior, mas ficarei pela data de 1907, quando o padre Ferreira do Amaral redigiu um abaixo-assinado ao rei D. Carlos I, que assim dizia: «Os abaixo assinados, moradores nos locais denominados Porcalhota, Amadora e Venteira, requerem a Vossa Majestade que as três referidas designações sejam substituídas pela única de Amadora. (Porcalhota, 10 de Junho de 1907.)» Isto era para demonstrar que efectivamente a Amadora já existia como local, tal como a Venteira e a Porcalhota.

Foi em 28 de Outubro de 1907, nos termos do artigo 3.º, alínea 4, n.º 1, do Código Administrativo, que o rei D. Carlos I proclamou o seguinte: «Conformando-me com a consulta ao Supremo Tribunal Administrativo, hei por bem determinar que a povoação constituída pelos lugares de Porcalhota, Amadora e Venteira, Melhoramentos que então foi eleita na Amadora, e em 2 de Abril de 1914, na Coimara de Deputados, foi apresentado pelo Deputado Lúcio de Azevedo um projecto de lei em tal sentido. Mas só passados dois anos, no Diário do Governo. 1.ª série, n.º 76, de 17 de Abril de 1916, é que foi dada satisfação às legítimas aspirações da laboriosa localidade. No entanto a nova freguesia criada não foi constituída como agora se encontra, pois a Câmara de Oeiras, em exposição datada de 18 de Junho de 1917, expôs ao Governo vigente os inconvenientes de tal situação sem um estudo pormenorizado da freguesia.

No dia 26 de Agosto foram marcadas eleições para a junta de freguesia. Era então presidente do Governo o Dr. Afonso Costa. Foram apresentadas a sufrágio duas listas: a do Partido Socialista, constituída por Raul Campos, Aleixo Ribeiro, José Carlos Pereira e José Diogo Coutinho - um farmacêutico, outro empregado de comércio e outro desenhador -, e a outra, patrocinada pelos independentes e pelos Partidos Democráticos, Evolucionista e Unicista, de que eram patronos, respectivamente, o Dr. Afonso Costa, António José de Almeida e Brito Camacho. Destas eleições - e quem quiser pode consultar, como eu fiz, os jornais da época - resultou que a Amadora passou a ser a primeira e única junta de freguesia socialista em Portugal.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Só em 24 de Julho de 1937 se constituiu a vila da Amadora, pelo Decreto n.º 2773.

Neste momento, a área geográfica da Amadora ocupa 16,5 Km2. Se repararmos nos censos populacionais, verificamos que a vila da Amadora, em 1911, apenas tinha 3680 habitantes, ao passo que em 1950 tinha já 18 530, em 1960 47 355 e agora, com cerca de 110 200 eleitores, tem, números aproximados, 200 000 habitantes, se tivermos em conta os contadores de água existentes na vila.

O Partido Socialista, e em especial eu, há 25 anos angariou mais de 30 000 assinaturas que foram entregues na Câmara de Oeiras e depois no ex-Ministério do Interior. Esta foi também uma luta antifascista contra o poder corrupto da grande noite fascista que durou 50 anos. Uma grande parte da população assinou essas listas para separação da freguesia da Amadora do Concelho de Oeiras, mas muitas pessoas tinham receio de o fazer à frente de outras, pelo que as assinaram muitas vezes nas casas de banho dos cafés e das pastelarias.

Tudo isto, como já disse, talvez dê resposta à pergunta que o Sr. Deputado Nuno Abecasis há pouco fez, sobre a razão que determinou o não se ter verificado há mais tempo a passagem da freguesia da Amadora a concelho.

Para além disto, queria dizer também que em 1975 o Partido Socialista arrancou com uma nova campanha que se intitulou «Amadora a concelho, já», em que foram angariadas dezenas de milhares de assinaturas e em que se realizou uma manifestação em frente do Ministério da Administração Interna, com a qual mais uma vez se reivindicava que a vila da Amadora passasse efectivamente a concelho.

Vozes do PS:- Muito bem!

já aqui referido - não foram criadas e recordo que em 1969 foi criada na Amadora, por todos os antifascistas da vila, a primeira cooperativa cultural, a «Vis», que passado pouco tempo, foi fechada. Em