longa e penosa dos vagos projectos à fase fecunda das ideias claras e das acções consequentes, o povo aceitá-las-á, por certo, e levará de vencida os que tentam explorar desilusões e descontentamentos que eles mesmos criaram. Para isso, porém, há que explicar com clareza, em vez de impor ou apenas fazer propaganda. É o que sobretudo pretendemos.

A discussão das recentes medidas económicas será, por certo, um momento de divergência legítima: sem ela não há democracia. Mas deve ser, acima de tudo, um momento de unidade democrática, à volta de objectivos comuns, que sejam claros e queridos pela maioria, e de um comum espírito de esclarecimento e correcção por parte de todos nós.

Uma voz do PSD:- Muito bem!

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador:-...se confundirmos a estabilidade governamental com a teimosia nos caminhos errados e identificarmos a defesa da democracia com o seguidismo acrítico, então estaremos prestando maus serviços à democracia e ao País.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Nós, os sociais-democratas, temos, desde a investidura deste Governo, mantido uma linha constante de oposição não sistemática, pautada, acima de tudo, pelos interesses do povo português e pelos desejos e aspirações daqueles que em nós confiaram.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Temos sabido dizer, consoante as circunstâncias «assim sim» ou «assim não» às medidas tomadas e ao sentido da acção do Governo; nunca dissemos agora sim a tudo, antes não a tudo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E, reclamando-nos de uni programa e de alternativas diversas das do Governo, temo-lo apoiado sempre que o que faz se nos não afigura prejudicial para o povo português. A essa luz actuaremos também neste debate.

Mas a razão de ser deva interpelação não se esgota ainda aqui. À parte um discurso televisionado do Sr. Primeiro-Ministro e algumas declarações de membros do Governo responsáveis, não houve discussão institucional do programa de austeridade aprovado em 25 de Fevereiro. Ora, esta é imprescindível para lhe dar autoridade democrática, pois a comunicação directa entre governantes e governados não dispensa o diálogo democrático, que tem no Parlamento um lugar privilegiado e não poda ser substituído pela propaganda.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E só esse diálogo, e o possível aparecimento de um consenso maioritário, lhe conferirá legitimidade democrática, força de persuasão social e adesão colectiva, sem o que o programa de austeridade será uma pena imposta, mas não um sacrifício consentido, será causa de revolta, insatisfação ou desmotivação dos trabalhadores e da população portuguesa, em vez do começo, que se pretende, da mobilização de todos nós para o trabalho, o esforço e a produtividade. Por outro lado, foi anunciado um programa de austeridade, ou pelo menos um conjunto de medidas integradas com tal sentido e objectivo. Ora, ainda hoje não tem o País conhecimento do seu conteúdo completo. Basta recordar que, de oito propostas apresentadas à Assembleia da República ainda não foi possível apreciar três, porque até há momentos se desconhecia o conteúdo de três dos decretos-leis do Governo que as condicionam. E muito menos foi adequadamente esclarecido perante o povo o porquê e o como de muitas des tas medidas. É isto que aqui viemos pedir ao Governo, a par da revelação integral do que falta tornar público. Pois, sem