aumento da produção e na diminuição das importações. O tempo vai demonstrar que as medidas adoptadas pelo Governo a 25 e 26 de Fevereiro, agravando desmedidamente as condições de vida do povo português, são inadequadas e não conduzem à resolução dos problemas económicos e financeiros que o País enfrenta. Umas carecerão de ajustamentos, outras terão de ser inteiramente substituídas.

Quanto a nós, comunistas, reafirmamos que, independentemente das divergências e das críticas que abertamente formulamos, mantemos a determinação de procurar o entendimento com outras forças democráticas que permita estabelecer uma plataforma de resposta às graves ameaças económicas e políticas, tendo em vista a salvação e a consolidação da democracia, a construção de um Portugal democrático, próspero, independente, a caminho do socialismo.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Salgado Zenha para pedidos de esclarecimento.

O Sr. Salgado Zenha (PS):-Sr. Deputado Carlos Brito: Não tive o gosto de ouvir toda a sua intervenção e, portanto, se houve algum lapso naquilo que lhe vou perguntar, peço antecipadamente desculpa.

Tenho a impressão de que o Sr. Deputado Carlos Brito reconheceu que há um défice da nossa produção em relação ao nosso consumo, o que aliás, é um facto notório, e pareceu-me ouvi-lo dizer que esse défice podia ser suprido por um aumento rápido e forçado, da nossa produção. Não entendi bem isso porque, sendo certo que nós importamos 23 milhões de contos de géneros alimentícios, directos ou instrumentais, não vejo muito bem como é que seria possível, num prazo extremamente curto, obter pela produção agrícola portuguesa esses 23 milhões de contos de géneros que importamos.

Queria saber se é realmente esse o seu pensamento ou se concorda que. porventura, os portugueses terão de recorrer, pelo menos num período provisório, ao crédito externo para comprarem aquilo de que nece rlos Brito a uma adesão de Portugal ao Mercado Comum também se amplia a uma eventual adesão de Portugal ao COMECON? Será que haverá mercados comuns bons e mercados comuns maus? Se assim é, porque é que isso acontece?

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Carlos Brito quer responder já ou no fim de feitos todos os pedidos de esclarecimento?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Prefiro responder já.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Ê um grande prazer ser questionado pelo Sr. Deputado Salgado Zenha e por isso vou rapidamente responder aos pedidos de esclarecimento que me fez e também esclarecer uma outra situação.

Na verdade, a ausência do Sr. Deputado interfere com os pedidos de esclarecimento que formulou, não por aquilo que eu disse e o Sr. Deputado não ouviu, mas por aquilo que o Sr. Deputado não ouviu porque eu não disse.

A verdade é que eu não me referi ao Mercado Comum. Tive esse cuidado.

O Sr. Primeiro-Ministro vem amanhã fazer uma comunicação à Assembleia e reservei para esse momento as dúvidas que a comunicação do Sr. Primeiro-Ministro nos suscitar e também as posições do meu partido, se eventualmente, num pedido de esclarecimento pudermos insinuar quais são.

O Sr. Salgado Zenha (PS): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Salgado Zenha (PS): - Depreendi que o Sr. Deputado Carlos de Brito se referiu às pressões internacionais, nomeadamente aos empréstimos, e entendi isso como alusão crítica ao endividamento de Portugal em relação ao mundo ocidental, como uma posição crítica em relação ao Mercado Comum. Foi essa sua frase que eu intrepretei desta maneira, mas, se esse não é o seu sentimento íntimo, eu muito me congratulo.

O Orador. - Sr. Deputado: Repare que manifestei uma relutância em relação às imposições do imperialismo que acompanham os empréstimos e não em relação aos empréstimos.

Começando então por responder às suas perguntas, quero dizer-lhe que reconhecemos, até o afirmei e ninguém até agora o contestou, que fomos os primeiros a alertar para este imenso défice que existe entre a nossa produção e o consumo. Desde há muito que propomos medidas para lhe fazer frente. Na verdade, não apontamos como medida única o aumento da produção, embora esse seja, quanto a nós, o objectivo capaz de resolver os nossos problemas financeiros. Além desta, temos advogado outras medidas, como a limitação das importações e outras propostas concretas, desde a contingentação a outras.