a estabelecer como que em estatuto de pré-adesão, lhe foi justamente prometida ou oferecida essa possibilidade de participação nos fundos comunitários. Portanto, nós consideramos que não está excluída a possibilidade de nós virmos a ter essa participação efectiva antes mesmo de sermos um país membro, isto é, na fase de dois a três anos de negociações.

Por outro lado, o Sr. Deputado perguntou também qual seria a assistência dos organismos comunitários para a organização da nossa adaptação à CEE nos vários aspectos da harmonização das diferentes políticas sectoriais. Aí eu respondo mais afoitamente que essa assistência nos foi prometida e nos vai ser dada logo a seguir à apresentação do pedido de adesão que nós vamos formular, como disse o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, no final deste mês ou no princípio do próximo mês. Isto é, vêm imediatamente para cá representantes da Comissão das Comunidades para estudarem em concreto connosco os nossos problemas e dificuldades, dando-nos uma assistência concreta para nós podermos fazer rapidamente essa harmonização.

O segundo conjunto de problemas que o Sr. Deputado Sá Carneiro me pôs diz respeito aos benefícios para os nossos compatriotas que trabalham em países das Comunidades e se esses benefícios seriam imediatos. Quanto a isso teremos de dizer que uma das razões que explica a: vantagem fundamental da nossa adesão ao Mercado Comum resulta precisamente de se conseguirem benefícios, ou seja, pra-ticamente a equiparação dos nossos compatriotas que trabalham nos diferentes países da Comunidade aos naturais originários dessa mesma Comunidade. Isso dar-se-á de uma maneira automática quando nós formos admitidos como país membro. Entretanto nós podemos ir por aproximações. Aliás, fizemos já um primeiro progresso quando ainda recentemente se assinou uma convenção sobre o problema do benefício das partes sociais para os trabalhadores portugueses emigrados na França e poderemos ter como português não é muito diferente do nível de vida do irlandês e o estado da nossa economia não é muito diferente, estruturalmente, do estalo da economia da Irlanda. O mesmo se pode dizer relativamente à Grécia.

Dentro destes problemas os países também quiseram, cada uai deles, discutir connosco aspectos bilaterais do nosso relacionamento com cada um desses países. Como é natural, uns no plano agrícola, como foi o caso, por exemplo, da Itália, com a qual fizemos conversações bastante detalhadas sobre aspectos da nossa agricultura e da agricultura italiana. A França e a Alemanha interessaram-se mais pelos problemas da cooperação industrial.

Foram-nos feitas, naturalmente, muitas perguntas sobre o estado efectivo das nossas finanças e dos problemas que se nos punham em matéria de financiamento dos défices da nossa balança de pagamentos. Enfim, foi sobre estes aspectos, e desta forma, que decorreram as negociações.

Do lado, sobretudo, dos pequenos países da Comunidade que sentem que a Comunidade não deve ser apenas uma área de livre câmbio, mas que deve ser uma verdadeira comunidade com instituições que caminhem para instituições de tipo supranacional - havia uma preocupação maior. Essa preocupação não tem directamente nada a ver com o caso português, mas diz fundamentalmente respeito a que o alargamento da Comunidade torna mais difícil a formulação das decisões e o processo das .decisões dentro das instituições comunitárias.