é. Espero não ser necessário repetir este apelo, que é ditado pelo equilíbrio que. eu desejo imprimir a esta Presidência.

Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis para um contraprotesto.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não posso deixar de protestar contra o protesto feito pelo Sr. Deputado Vital Moreira. Primeiro, porque o meu colega de bancada João Pulido baseou a sua intervenção em factos concretos. Compete ao Partido Comunista adoptar e perfilhar ou não os factos que foram invocados.

O Sr. Victor (Louro (PCP): - Quais factos?

O Orador:- Se o faz, reage da maneira que reagiu. Se condena esses factos, como qualquer partido eleito pelo povo aqui representado o deve fazer, não reagiria desse modo. Recordo que, não há muitos dias, antes de ontem, penso eu, o Sr. Ministro da Agricultura e Pescas fez afirmações que vão exactamente na mesma linha das afirmações aqui feitas.

Uma voz do CDS: - Apoiado!

O orador: - E mais, afirmou claramente que o Alentejo não será comunista.

Vozes do CIDS: - Muito bem!

O orador: - E o Alentejo não deve ser comunista...

Manifestações de desagrado do PCP.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - O Governo é que o disse.

O Sr. Aboim Inglês (PCP): - O povo nas urnas é que o diz.

O Orador: - O Sr. Deputado Aboim Inglês quer-me interromper? Muito obrigado pelo seu aparte, mas guando acabar os seus apartes eu continuo com a mesma calma com que estou.

Srs. Deputados. O Alentejo não será comunista, exactamente pela mesma razão de que nenhuma província nem nenhum canto deste país será monopartidário numa democracia que queremos pluripartidária. Eu sou das pessoas que entendem que o pior mal que poderia suceder a Portugal seria a nova passagem do Partido Comunista à clandestinidade.

Risos do PCP.

Eu quero vê-los, Srs. Deputados, e aos vossos militantes, à luz do dia, porque penso que à luz do dia é que nós ganhamos ou perdemos crédito em face do povo português.

O Sr. Octávio (Pato (PCP): - Então porque é que está a falar de clandestinidade?

O orador: - E porque nunca tive medo da verdade, como da verdade não tem medo o meu partido, manifestaremos o nosso repúdio sempre que alguém, seja quem for, se atrever a dizer que somos democratas de última hora ou que entendemos os direitos do homem para nosso benefício próprio. Isso nunca o fizemos, e se a alguém reconhecêssemos o direito de o afirmar, certamente não seria ao Partido Comunista Português.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: --Tem a palavra o Sr. Deputado João Pulido para um contraprotesto.

O Sr. João Pulido (CDS): - Sr. Presidente., Srs. Deputados: O Sr. Deputado Vital Moreira, em lugar de fazer perguntas para esclarecer dúvidas - dúvidas não existiam, não seguiu aquele velho aforismo que diz que o silêncio é de ouro. Não. Enveredou por outro campo, em que, na realidade., demonstrou mais uma vez ser exímio professor. Todavia, há que rectificar grafias ou fonemas que pronunciou.

Referiu em determinada altura que a polidez tinha ficado com o nome. É pena que desconheça que o verbo polir, que usou, é com um "o", mas que o apelido é com um "u". Queira rectificar, faça favor.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Boa!

O Orador: - Em segundo lugar, afirma despudoradamente que citei o jornal A Rua. Exijo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, meus ilustres pares, que o Sr. Deputado Vital Moreira faça aqui, e de imediato, a prova daquilo que afirma. Considero-me caluniado...

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Ah!...

O Orador: - ....e, consequentemente, a dignidade está acima de tudo. Não vendi nem venderei, se Deus quiser, nem a honra nem a consciência. Compete-lhe a si, que acusa, fazer a prova. É lá dos seus " Direitos" - eu não sou de direito.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Eu provo.

O Orador: - Prova?! O senhor prova tudo e muito mais que outras entidades hão-de provar na altura própria.

O Sr. Deputado, em salto de acrobacia dialéctica, mas de pouca monta, pergunta onde é que eu estaria antes do 25 de Abril. Tenho muita honra em dizer-lhe que nunca estive, nem estou, nem estarei, no seu partido.

Mas estive sempre...

O Sr. Carlos (Brito (PCP): - Onde, onde?

O Orador: - ... na verdadeira democracia ocidental.

Manifestações do PCP.

Os Srs. Deputados não se exaltam, não percam a calma.