Ir se isso que o Sr. Deputado afirma é verdadeiro, igualmente lhe lanço o repto: prove, e só fazendo essa prova o considero ortodoxo, para não usar outro termo que poderia ferir-lhe os tímpanos, mas que talvez merecesse.

Uma voa do PCP: - Não se acanhe!

O Orador: - Não, nunca fui acanhado, com a graça de Deus.

Eu, Sr. Presidente, e paia terminar o contraprotesto que V. Ex.ª me autorizou, quero com toda a veemência rejeitar e endossar ao autor das palavras dirigidas ao Deputado Pulido, com um "u", mas que se preza de ser, socialmente, comum "o"...

..todas as calúnias, toda a falta de dignidade com que me quis conspurcar, mas que sobre a sua cabeça cai.

Tenho dito.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vital Moreira, suponho que para um contraprotesto.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Sr. Presidente: Pedi a ,palavra para, muito simplesmente, dizer o seguinte: O Sr. Deputado Pulido concitou-me a provar uma afirmação que eu tinha dito. Devo dizer ao Sr. Deputado Pulido Valente que eu não disse que citou o jornal A Rua, disse que o transcreveu sem citar.

Vozes do CDS: - Disse Pulido Valente!

trabalhadores mineiros do Sua.

"Estes homens vivem debaixo das minas, sem o sol e as doçuras consoladoras da Natureza, respirando mal, comendo pouco, sempre na véspera da morte, rotos, sujos, curvados, extraem o 7ntta1, o minério, o cobre, o ferro e toda a matéria das indústrias. Estes homens são povo e são os que nos enriquecem Com estas palavras do livro Páginas Esquecidas, de Eça de Queirós, e que vimos transcritas na exposição documental e fotográfica "Os Mineiros do Sul", iniciamos um pequeno relato da visita realizada por uma delegação do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português às minas de Aljustrel, no dia 7 do corrente mês.

Não pretendemos analisar aqui os problemas de fundo que se prendem com a actividade mineira em Portugal e com as condições de trabalho e de vida dos mineiros. Levantamos apenas questões que nos foram postas pelos próprios trabalhadores.

Esta delegação, constituída pelos Deputados comunistas Fernanda Patrício, António Pedrosa e Sousa Marques, correspondeu ao convite que a comissão de trabalhadores das Pirites Alentejanas formulou aquando de uma reunião aqui realizada no dia 9 de Fevereiro.

Através do contacto directo com as realidades, com os homens e as coisas, podemos hoje, nesta Assembleia, comunicar-vos um pouca do que é a vida no fundo de- uma mina e repetir as palavras dos próprios trabalhadores, carregadas de - esperança num futuro melhor.

,Disseram eles: "Trabalhar na mina tem os seus riscos naturais, mas cabe a uma sociedade que se pretende democrática reduzi-los ao mínimo dos mínimos, até ao zero possível."

Acompanhados pela comissão de trabalhadores e técnicos da empresa, percorremos vários pisos, visitámos as instalações de superfície, sentimos o orgulho com que nos mostravam o mais pequeno pormenor, com que nos falavam das conquistas alcançadas, com que nos informavam dos valores de produção atingidos, dos trabalhos em curso, dos projectos a realizar. Dizemos orgulho, porque é esse o sentimento de trabalho e consciência que nos é transmitido nos mais pequenos pormenores, através de um dia-a-dia repetido durante anos.

São ainda dos trabalhadores as palavras seguintes: "Todos os mineiros do Sul trazem consigo 100 anos de exploração. Cem anos debaixo da terra; eles, os pais, os avós, os irmãos, os tios, os filhos, enfim, familiares de toda uma geração."

Nós, que estivemos com eles e que pouco antes do meio-dia os vimos terminar uma refeição tomada durante o intervalo de meia hora, compreendemos bem como é duro o trabalho na mina.

Numa gruta a 265 m de profundidade, com luz mortiça, uma mesa e bancos corridos e nas paredes pendurados pequenos sacos onde levam os almoços. É assim o seu refeitório, onde comem sem sair do fundo, sem sair do pó. A silicose sempre foi e continua ainda a ser um dos grandes problemas a resolver. Cem anos de exploração, mas também com anos de lutas contra a mesma exploração, pela melhoria das condições de vida.

Os mineiros de Aljustrel orgulham-se muito justamente das suas tradições de luta democrática e antifascista.

Em Abril de 1960, numa luta entre outras, resistiram trinta e três horas no fundo da mina, sem água e sem comida, enquanto as mulheres e demais fami