ou porcos, é preciso importar, entre outros, milho, soja, sorgo e farinha de peixe.
As nossas éguas de raça lusitana já rareiam, quer pela destruição de que foram objecto quer por ter aumentado a sua procura internacional, não nos admirando que, por este andar, venhamos a assistir à criação de cavalos lusitanos e anglo-lusos na França, na Espanha, na Inglaterra ou nos Estados Unidos, e não em Portugal.
É por esta razão que lanço aqui este grito de alarme com o fim de salvar um património de grande valor real. Há que tomar medidas urgentes com o fim de salvar e consolidar a criação de cavalos de qualidade, das raças lusitana e anglo-lusa. Há que realizar um trabalho científico e preserverante para fixar os caracteres da raça anglo-lusa, para o que, como é óbvio, importa conservar e se possível melhorar a raça lusitana. Terá de ser um trabalho de conjunto que congrace esforços e não os disperse, realizado em perfeita coordenação com os desportos equestres e com uma exportação de cavalos bem orientada.
Na linha de rumo que preconizamos para recuperarmos e desenvolvermos esta riqueza, separamos as medidas imediatas que urge tomar para salvar o que ainda existe no Alentejo e no Ribatejo, das extensivas a outras zonas do território nacional próprias para a criação de cavalos, a adoptar a curto prazo.
c) A centros hípicos regionais, a criar com a finalidade de facilitar e difundir o ensino da prática da equitação nas populações escolares;
d) À produção de carne.
Paralelamente seria organizado o ensino da equitação e prática dos desportos equestres, dentro do seguinte esquema:
No Escola de Equitação de Mafra: cursos de equitação desportiva referentes a modalidades olímpicas;
Na Coudelaria Nacional da Fonte Boa: cursos teóricos e práticos da modalidade desportiva de atrelagem.
Desta modalidade, que é recente, é campeã mundial a Hungria.
Não há em Portugal nenhum desportista com poder económico para competir internacionalmente nesta modalidade, em que há que conduzir uma carruagem, tirada por quatro cavalos, numa prova de apresentação, noutra de destreza de condução e numa terceira de resistência - 30 km a trote e galope por caminhos vicinais com declives, travessia de ribeiros, etc.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, tem o seu tempo esgotado.
O Orador: - Sr. Presidente, estou a terminar.
Estas medidas destinam-se a incorporar no conjunto da produção nacional as regiões onde é clássica a criação de cavalos, mas onde a falta de uma organização adequada a zonas de pequena propriedade não permitiu que fossem aproveitados todos os seus recursos na sua máxima potencialidade.
Referimo-nos especialmente aos chamados Campos de Aveiro e à Terra Fria de Trás-os-Montes.
Ambas estas regiões são notáveis pela criação de bovinos e esta, em toda a parte, está associada à de equinos.
Sabe-se hoje que uma égua pasta de graça por cada grupo de dois ou três bovinos, porque come ervas diferentes das que estes preferem.
Enquanto no Sul do País estes animais -equinos e bovinos- pastam em grandes áreas de pousio e silvo-pastorícia, no Norte são utilizadas exclusivamente para esse fim certas áreas reduzidas, compartimentadas por muros de pedra solta e renques de arvoredo, cuidadosamente tratadas - lameiros de Trás-os-Montes. Aí pastam pequenos grupos de animais, quase sempre menos de dez.
De há quarenta anos para trás, cada pequeno proprietário de uma dezena de bovinos e dos respectivos lameiros para os alimentar tinha uma ou duas éguas de criação. Vendia os produtos, muares ou cavalares, ao desmame, os quais, na sua grande maioria, vinham para o Sul. O advento da tracção mecânica fez-lhes perder o interesse pelas muares e a falta de uma organização conveniente levou-os a reduzir, também substancialmente, a criação de cavalos, porque não souberam substituir a quantidade pela qualidade. Para se caminhar neste sentido, é indispensável a orientação racional e científica do rural para a boa resolução dos problemas da criação de gado, a que anda sempre ligada a genética.
O lavrador transmontano é inteligente, bom tratador de animais, sendo sua prática corrente ir ver se os seus bois têm feno na manjedoura, durante a noite, mesmo com temperaturas de alguns graus abaixo de zero.