quatro, isto é, em que participassem os partidos que nesta Assembleia estão organizados em grupos parlamentares. Importa afirmar que esta interpretação não corresponde à verdade, é falsa, portanto, e que nunca o meu partido fez tal proposta. Nesse domínio, a única coisa que adiantámos é que consideraríamos positivamente qualquer proposta para discussão em conjunto de medidas para vencer a situação e para sair da crise. Nunca apresentámos - e é bom que a rectificação aqui seja feita - qualquer proposta como essa que erradamente, no memorando entregue pelo Primeiro-Ministro, nos foi atribuída.

A nossa posição em relação à questão do Governo é conhecida. Nós dizemos: este Governo não serve, este Governo é incapaz, como já demonstrou, de resolver os problemas nacionais. Nós entendamos que é necessária uma mova política. Nas considerações prévias que acabei de fazer temos alguma contribuição para a definição dessa nova política. O meu partido, através dos seus docum entos, através das suas tomadas de posição, vem definido essa linha política de alternativa de modo completo e exaustivo.

Dizemos que ainda em relação ao problema do Governo que para nós trata-se primeiro de discutir a política. Se nisso se conseguir algum entendimento, estamos convencidos de que será mais fácil abordar o problema da fórmula governativa, o problema do Governo. É essa, então, a nossa posição.

Não apresentamos hoje aqui - não a temos apresentada de momento - uma alternativa, agora, para o problema do Governo. Mas claramente, para nós, este Governo não serve, este Governo é incapaz de resolver os graves problemas com que o País se, debate.

Depois desta notificação, duas observações formais ao memorando e também ao discurso hoje aqui proferido pelo Sr. Primeiro-Ministro. Na verdade, parece-nos uma atitude, um pouco estranha que, no momento em que o Partido Socialista e o Governo se propõem encetar um processo de negociação com outros partidos políticos e também com forças sociais, o Governo assuma a posição de se colocar fora e à margem dos conflitos, acima das partes. Não nos parece que esta seja uma atitude fecunda da parte de um partido, da parte de um Governo que quer negociar. O Governo, para já mão falar do Partido Socialista, nesta situação, este quadro, também é parte e esperamos que não tenha a pretensão de o não ser. Não é árbitro.

Também - é uma segunda nota formal - não podemos deixar de passar sem observação o optimismo que transpira, quer do memorando ontem entregue aos partidos, quer do discurso há pouco produzido pelo Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, desculpe interrompê-lo, mas é para o avisar de que já esgotou o seu tempo, pelo que peço que conclua.

O Orador: - Esgotei o meu tempo, Sr. Presidente?! E ainda não fiz nenhuma pergunta!

a retracção na expansão e a liberalização das importações.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, peço-lhe mais uma vez que conclua.

O Orador: - Só uma pergunta mais, Sr. Presidente, e concluirei.

A última pergunta que desejava fazer é esta: O documento que nos foi distribuído anuncia como intermediário para os aumentos salariais um aumento de 15% a 20%. O Sr. Primeiro-Ministro acaba de dizer na, sua intervenção que os salários reais diminuíram, durante o ano de 1977, 15%. Nós achamos que é pouco. Diminuíram mais, Sr. Primeiro-Ministro. Mas importa perguntar: Admitindo o Governo um aumento de 15% a 20%, qual vai ser, Sr. Primeiro-Ministro, o crescimento da inflação? A que ponto vão ser mais desvalorizados os salários reais dos trabalhadores?

Eu não faço mais nenhuma pergunta. Apenas concluo dizendo que estas foram algumas questões que entendemos dever colocar agora ao Sr. Primeiro-Ministro e ao Governo. Naturalmente que depois das conversações anunciadas e depois também aqui na Assembleia da República teremos oportunidade de dar mais claramente as posições do PCP relativamente às questões em debate e ao documento apre-