O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Peço à Mesa a palavra para defender a minha honra em relação às acusações que o Sr. Deputado Cunha Leal proferiu.

O Sr. Presidente: - Ser-lhe-á concedida a palavra mo momento oportuno.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Anacoreta Correia.

O Sr. Anacoreta Correia (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Uma curta declaração de voto para recordar que a Comissão Política do CDS, reunida no domingo passado, aprovou um documento, que foi imediatamente transmitido às autoridades da Madeira, em que manifestava às famílias das vítimas do trágico desastre aéreo no Aeroporto de Santa Catarina o seu profundo pesar, acompanhando-as solidariamente no seu luto.

A Comissão Política do meu partido manifestava ainda a esperança de que, no exercício das responsabilidades que ao Estado incumbem, rapidamente fossem estabelecidas as causas do acidente e se considerasse com urgência a necessária melhoria das condições de segurança no aeroporto do Funchal.

Neste mesmo espírito, o Grupo Parlamentar do CDS aprovou o voto proposto pelo Partido Comunista Português, não podendo deixar de recordar a esta Câmara a intervenção que o Sr. Deputado Cabral Fernandes, fez desta bancada, referindo as precárias condições de segurança do Aeroporto de Santa Catarina.

A mágoa com que, o CDS medita neste trágico acidente só é atenuada pela esperança de que em breve a ilha da Madeira venha a possuir o aeroporto de que o seu povo é merecedor.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - A despeito de não me ter apercebido de qualquer ofensa à honra e consideração do Sr. Deputado Acácio Barreiros, não quero deixar de lhe conceder a palavra.

Tem a palavra, portanto, o Sr. Deputado Acácio Barreiros.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É evidente que me, considero ofendido quando o Sr. Deputado Cunha Leal vem para aqui dizer que, em vez de estarmos a manifestar a nossa dor, eu venho para aqui com manifestações demagógicas. Nós entendemos que aquilo que dizemos é fundamentado e se nos causa imensa dor o acidente ocorrido na Madeira, também nos causam imensa revolta as razões pelas quais a Madeira ainda hoje não dispõe de um aeroporto em condições.

Para lhe provar que não mentimos e para lhe provar que não é demagogia, quero dizer-lhe o seguinte: já em 1969, Marcelo Caetano deslocou-se à ilha de Porto Santo...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, admiro a sua extraordinária habilidade.

O Sr. Deputado Acácio Barreiro há-de compreender, e com certeza compreende, que não pode ser assim.

Apartes inaudíveis do Sr. Deputado Cunha Simões.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Sr. Presidente, queria interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Pode continuar a interpelar a Mesa.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Lamento imenso que num voto que devia ser solene a UDP esteja constantemente a ser interrompida. Isto por uma razão simples: apresentámos os motivos do nosso pesar e do nosso protesto em relação ao que ocorreu na Madeira. O Sr. Deputado Cunha Leal acusa-nos de demagógicos e, evidentemente, insulta-me quando diz que é por objectivos puramente demagógicos que estamos a usar da palavra.

Ora ele diz que estamos a falar em termos demagógicos por estarmos a falar da NATO, do imperialismo e não sei que mais. Das duas uma: ou o Sr. Presidente me permite que me defenda e diga que isto se deve à NATO por isto e por aquilo ou então não me posso defender. O que é que o Sr. Presidente quer que eu lhe diga? Que o Sr. Deputado Cunha Leal diga que somos demagógicos e eu diga que não somos?

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado podará defender-se à vontade. O que não pode é atacar a NATO, porque a NATO não está em causa.

V. Ex.ª tem razões de queixa, segundo entendi, por palavras que o Sr. Deputado Cunha Leal terá proferido. Contudo, peco-lhe o favor de ter um pouco de bom senso para não continuar, porque não lho permitirei, a extravasar e a exceder o âmbito da tal ofensa à honra, que, confesso, ainda não percebi.

O Sr. Deputado está a interpelar a Mesa. A Mesa responde-lhe que o Sr. Deputado poderá continuar a usar da palavra para defender a sua honra e com-