que a direita e a reacção, utilizando disfarces diversos, empenhavam o máximo de esforços para dividir os militares progressistas. Naturalmente que estes esforços se fundavam na ideia de que, uma vez consumada a divisão, o caminho ficaria aberto para a contra-revolução e a destruição total das conquistas de Abril.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Viu-se! Viu-se!

O Orador: - Para nós, Partido Comunista, que sempre lutámos contra a divisão, e pela unidade das forças democráticas civis e militares...

O Sr. Cunha Simões (CDS): - Com o Melo Antunes!

Q Orador: -... mais preocupante se nos apresentava, por essa altura, a convicção ou mesmo a certeza de que a divisão deixaria de ambos os lados homens fiéis ao 25 de Abril. Foi o que em nosso entender aconteceu no 25 de Novembro. Lamentavelmente, não foi possível evitar a divisão, mas a Revolução não foi destruída como exigiam a direita, a reacção e o imperialismo. Como exigiam aqueles que, em 24 de Novembro de 1975, cortaram as vias de comunicação em Rio Maior e ameaçavam cortar os abastecimentos, a água e a luz a Lisboa.

O que nos preocupa é que os que cometeram tão graves actos, em 1975, também hoje, procurando aproveitar-se da data, promoveram pseudocomemorações em algumas localidades do País; incluindo Rio Maior, que, a exemplo do que aconteceu no passado dia 19 no Porto, podem redundar em graves provocações.

Vozes do PCP: - Muito bem!

Vozes do CDS: - Olhe que não! Olhe que não!

O Sr. Cunha Simões (CDS): - Oportunistas!

A Sr.ª Ercília Talhadas (PCP): - Cala a boca!

O Sr. Cunha Simões (CDS): - Oportunistas!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Cunha Simões, a palavra «oportunistas» que pronunciou foi ouvida na Mesa. Peço a atenção do Sr. Deputado.

Faça favor de continuar, Sr. Deputado Joaquim Gomes.

O Orador: - Nós, comunistas, opomo-nos firmemente a que em volta das comemorações desta data se desenvolvam actividades de qualquer género que visem a acentuação da divisão entre os Portugueses.

Para nós, comunistas, em vez de polémicas divisionistas e estéreis desenvolvidas em volta do 25 de Novembro, o que interessa, essencialmente é trabalhar para reforçar a unidade de todos os portugueses que estão pelas liberdades, pela democracia, pelo regime democrático vigente, com tudo o que ele comporta, pela defesa da Constituição, pela salvaguarda da independência nacional.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para que efeito é que o Sr. Deputado Amaro da Costa pede a palavra?

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Sr. Presidente, queria interrogar a Mesa para saber se o Sr. Presidente considera ou não que tenho direito a protestar contra uma afirmação do Sr. Deputado Joaquim Gomes, em que acusou o meu partido de na sua proposta visar, de certa maneira, a divisão entre os Portugueses.

No caso de a Mesa considerar que não tenho o direito de formular um protesto, pediria o uso da palavra para dar explicações.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado pode formular um protesto, porque, no seu critério, o seu partido foi atacado.

O Sr. Amaro da Cosia (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não deixa de ser prova de um cinismo inaceitável de alguma forma considerar que a proposta, de voto apresentada pelo CDS tem por intenção, fundamento, ou objectivo criar ou agravar quaisquer divisões entre dos Portugueses.

É que, se é criar ou fomentar divisões entre os Portugueses a recordação e a congratulação com a vitória das forças; democráticas - no 25 de Novembro de 1975; se é dividir ou fomentar a divisão dos Portugueses saudar os sectores dos forças armadas que, com sucesso, enfrentaram e derrotaram os revoltosos contra-revolucionários, porque os havia, e o próprio Partido Comunista o reconheceu logo a seguir ao 25 de Novembro; se é criar divisão entre os Portugueses saudar com sentido de respeito os militares mortos; se, é, no entendimento do Partido Comunista, provocar divisões entre os Portugueses saudar o Presidente da República e congratular-se com a mensagem que hoje dirigiu às forças armadas - então, Sr. Presidente e Srs. Deputados, desisto de compreender o Partido Comunista e, sobretudo, desisto de compreender a linguagem que procura utilizar a cada momento de acordo com as conveniências.

Vozes do CUS: - Muito bem!

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Quem são os senhores?

O Sr. Joaquim Gomes (PCP): - É falta de capacidade!