vel, se não mesmo impossível. Mais: a existência de um governo minoritário (sem alianças à esquerda ou à direita) passa a representar uma condição decisiva para a evolução pacífica e democrática do sistema português e para o reequilíbrio sociológico e nacional do País - na medida em que se destina a evitar irredutíveis divisões e graves e violentas confrontações de tipo político, social ou regional. Tenha-se em conta o que se tem passado nas ilhas atlânticas ou em certas regiões do Alentejo ou do Nordeste Transmontano e poderá compreender-se o que seria a radicalização explosiva deste País se se instalasse a nível nacional um governo de maioria de direita ou de esquerda. Só não vê esta evidência quem não quiser ver ou for completamente cego...
Vozes do PS: - Muito bem!
Vozes do PS: - Muito bem!
O Orador: - O País e o PS têm a experiência do que foram as coligações que se constituíram durante os Governos Provisórios. De como as inevitáveis guerrilhas partidárias se instalaram no seio mesmo do Executivo, paralisando-o e criando todo o tipo de descoordenações. O PS não está, portanto, interessado em repetir a experiência. E por isso coloca esta Assembleia perante um dilema simples: ou lhe faculta os meios necessários para governar, votando nomeadamente a confiança no Governo ora perdida, ou se constitui na obrigação de formar uma alternativa de Governo, sem participação do PS.
Aplausos do PS.
O que os partidos à nossa direita não podem continuar a exigir é uma associação governativa connosco, que nas circunstâncias actuais seria contra natura e não teria qualquer sentido nem sequer seriedade, depois das críticas tão azedas e repetidas que nos tem dirigido.
Vozes do PS: - Muito bem!
O Sr. Nandim de Carvalho (PSD): - Muito mal, muito mal!
O Sr. Nandim de Carvalho (PSD): - Isso é com o Sr. Presidente da República.
Vozes do PS: - Calados!
O Orador: - Ameaçado muitas vezes com a moção de censura - que nunca se concretizou, nem poderia vir a concretizar, eficazmente -, o Governo resolveu lancetar o abcesso, solicitando ele, espontaneamente, e sem que nada em teoria o obrigasse, a confiança da Assembleia. É a clarificação política que o País esperava. Atenção, porém: o Governo não se demitiu nem se demite. Mas também não pede votos a ninguém, nem faz quaisquer concessões à direita ou à esquerda, para se manter no poder.
Aplausos do PS.
Muito simplesmente, aceitará a opção desta Assembleia, qualquer que seja.
Dir-se-á que se trata de um falso dilema, dado que as hipóteses alternativas a um Governo PS (com independentes) não serão muitas. É em parte exacto, sobretudo se os partidos que nos atacam não se dispuserem a assumir as responsabilidades perante o País, que nós próprios aceitámos de há dezasseis meses para cá. Um Governo de convergência democrática (PSD, CDS, mais independentes) tem teoricamente tantas possibilidades de subsistir no plano parlamentar quanto um Governo PS independentes. E há ainda que ponderar as hipóteses, tão referidas ao longo dos últimos meses, de um Governo de independentes (ou de técnicos, ou de competências, com ou sem mediação presidencial). Tudo depende, claramente, do programa, das motivações, dos objectivos propostos e da competência real das pessoas que o vierem a compor. Mas o PS, em qualquer dos casos, não fará obstrução de princípio e sistemática a qualquer dessas fórmulas. Limita-se apenas, por uma questão de coerência política elementar, a não participar nelas e a não autorizar que os seus militantes nelas se integrem.
Vozes do PS: - Muito bem!
O Orador: - No quadro das hipóteses a considerar, surgiu também a possibilidade da realização de eleições antecipadas. É uma eventualidade que não se pode excluir a priori e, para tanto, bom será que esta Assembleia vote com a urgência possível a proposta de lei sobre o recenseamento eleitoral, oportunamente apresentada pelo Governo. Contudo, os