a questão de saber se o governo será um governo minoritário ou não, se do PS com independentes, etc.

A questão para nós não é essa, nunca foi essa e não será essa. Para nós o problema - temo-lo dito e reafirmamos - é o de definir uma política, de estabelecer uma plataforma e logo adiante veremos que governo pode cumprir e levar à prática essa política e obrigar-se a essa plataforma.

Posto isto, a pergunta é a seguinte: não acha o Sr. Primeiro-Ministro possível que, se este Governo não receber o voto favorável da Assembleia da República, pode vir novamente a formar-se um governo do PS com independentes, presidido até pelo mesmo Primeiro-Ministro, governo esse que teria outro programa que resultasse, eventualmente, de acordo de plataformas ou não, pontuais ou não, com outras forças políticas e sociais? É esta a pergunta, Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Pergunta o Sr. Deputado qual é a alternativa para as negociações com o Fundo Monetário Internacional e eu digo-lhe que não há alternativa fácil para as negociações com o Fundo Monetário Internacional, visto que não temos a possibilidade de ir encontrar noutros países a disposição para obter os créditos e os empréstimos que nos virão em consequência do acordo estabelecido com o Fundo Monetário Internacional.

E a este respeito, aproveito para dizer o que não disse há pouco em resposta a uma pergunta que ficou por responder. O Banco Mundial, que é criado, para o financiamento de projectos concretos, já fez este ano o empréstimo de 100 milhões de dólares para financiar vários projectos que estão em curso e fará para o ano outro empréstimo de 150 milhões de dólares, e é natural que ainda nos anos seguintes venhamos a beneficiar de mais empréstimos e ajudas do Banco Mundial.

Quanto à última pergunta posta pelo Sr. Deputado Veiga de Oliveira, sobre se, se este Governo cair, poderá haver um novo governo PS, evidentemente com um novo programa, segundo a fórmula PS/independentes, esta é uma pergunta um tanto difícil de responder. No entanto, dir-lhe-ei que o ensinamento que o Governo e o partido do Governo retirarão de um voto negativo da moção de confiança é de que a Assembleia quer procurar ou buscar novos caminhos e uma outra fórmula de governo e, porventura, um novo Primeiro-Ministro.

Por isso mesmo o Governo entende que nessa hipótese se devem ensaiar novas soluções e isso não depende, naturalmente, nem do Governo - que nessa altura deixaria de o ser - nem muito menos do partido que o apoia. Isso depende, em primeira linha, da decisão do Sr. Presidente da República, ouvidos todos os partidas e ouvido também o Conselho da Revolução.

De qualquer forma, o Partido Socialista pensa que depois de tantas hipóteses, permanentemente agitadas como um espantalho perante o povo português, é necessário que essas hipóteses se verifiquem ou que se possa chegar, na prática, à conclusão de que elas não são possíveis, o que levaria com certeza algum tempo. E, além disso, teríamos de passar por outras experiências. Mas se tivéssemos, por fim, de voltar à fórmula de governo PS, é evidente que o PS só aceitaria um governo nas mesmas condições que as actuais, isto é, um governo de socialistas com independentes, e, como é óbvio, teria de apresentar um novo programa à Assembleia.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, o Sr. Deputado Sousa Franco.

O Sr. Sousa Franco (PSD): - Sr. Primeiro-Ministro: Devo dizer, em primeiro lugar, que ao ouvir a sua exposição fiquei um tanto surpreendido, porque, na verdade, eu esperava que a moção de confiança apresentada pelo Governo à Assembleia tivesse como motivos e fundamentos essenciais os grandes problemas da política deste país.

No entanto, a exposição do Sr. Primeiro-Ministro, sem prejuízo da habilidade e do brilho que lhe são habituais, não abordou, nem de perto nem de longe, esses grandes problemas. Limitou-se, em primeiro