O Orador: - Quanto ao tema das eleições gerais antecipadas, escuso de sublinhar a diferença fundamental que existe entre a posição que hoje defini e aquela que o Partido Comunista sustentou no final do mês de Julho. Em primeiro lugar, a diferença está nisto: é que nessa altura não havia qualquer crise política, não havia nenhum impasse constitucional...

Risos do PCP.

... e embora não houvesse, o Partido Comunista queria eleições antecipadas. Ao passo que pode haver agora e, se houver, a nossa posição é que a melhor saída é através de eleições gerais antecipadas.

O Sr. Carlos Brito. (PCP): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor.

CDS?

O Orador: - Sr. Deputado, nós falámos nessa altura de moção de censura, não para aplicação imediata, mas como possibilidade eventual de utilização em devido tempo e tivemos ocasião de esclarecer claramente o País de que a nossa posição seria a de pôr uma moção de censura ao Governo se até ao fim do mês de Novembro não se conseguisse um acordo tri-partido ou o Governo não pusesse uma questão de confiança. Foi nesse sentido que nós falámos em moção de censura: era uma crise política, se não houvesse acordo até ao fim de Novembro; não era uma crise política em Julho, Sr. Deputado. O mês de Julho, tanto na política como no tempo, é um mês muito diferente do mês de Novembro.

Vozes do CDS: - Muito bem!

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Freitas do Amaral.

O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - Começando pelo fim, esclareço-o, Sr. Deputado, que há uma diferença enorme e abissal entre as duas posições, por mais que o Sr. Deputado possa pretender que são semelhantes: é que o Partido Comunista Português pediu a suspensão da Lei da Reforma Agrária pura e simplesmente porque não concorda com ela e tinha ficado vencido nesta Assembleia, ao passo que nós falávamos na revisão da Lei da Reforma Agrária não por termos ficado vencidos, mas como condição para entrarmos numa plataforma da que não fazíamos parte até aí.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - É completamente diferente a situação, Sr. Deputado. Nós queríamos rever uma lei como condição da nossa entrada num certo acordo político, os senhores queiram suspender essa lei como condição de revogação política de algo que a Assembleia tinha votado dias antes.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Mas não fica sem resposta a sua referência a dirigentes partidários que não lêem as posições dos outros partidos. Tive ocasião de ler as suas. Lamento é que o Sr. Deputado não se recorde já das do seu próprio partido, porque na declaração por ele feita em Julho, quando propuseram eleições gerais