contraproposta. E quisemos avançar inclusivamente na discussão de problemas económicos e outros, e foi a delegação do PS que o não quis. Daí que eu não possa aceitar a afirmação, que o Sr. Ministro Jorge Campinos acaba de fazer, de que nós fizemos questão fechada e por essa razão não poderíamos avançar para outras questões. Poderíamos, sim, e isso aliás eu tive oportunidade de o salientar, invocando inclusivamente as conclusões do nosso Conselho Nacional de Bragança, em que dizíamos que poríamos como primeira condição a elaboração de uma plataforma e só depois de acordada essa plataforma é que se passaria a discutir, a fim de a encontrarmos, a fórmula de governo capaz de a concretizar.

Quanto ao problema que o Sr. Primeiro-Ministro levantou relativamente ao seu memorando, eu queria dizer-lhe que o memorando refere expressamente acedido ou acordos pontuais ou parcelares, mas isso, Sr. Primeiro-Ministro, permita-me que lhe diga, não tem nada a ver com a possibilidade de excluir este ou aquele partido em proposta formulada durante o decurso das negociações. Isso só podia resultar do próprio teor das negociações, se algum partido se auto-excluisse.

O Sr. Presidente: - O Sr. Ministro sem Pasta, Jorge Campinos, pediu a palavra, certamente para formular um contraprotesto, não é assim?

O Sr. Ministro sem Pasta (Jorge Campinos): - É evidentemente para formular um contraproposta relativamente à recente intervenção do Sr. Deputado Marques Mendes.

Queria protestar, porque o Sr. Deputado Marques Mendes não só expôs aqui uma, posição que não corresponde à posição assumida na intimidade das negociações, mas sobretudo porque gostaria que o Sr. Deputado Marques Mendes, se o Sr. Presidente da Assembleia o autorizasse, me respondesse desde já às duas perguntas formuladas esta manhã. A p. 4 do seu memorando o PSD diz:

O PSD, respeitando o compromisso assumido perante os seus eleitores, entende que as suas promessas eleitorais só serão cumpridas se for ou partido de governo ou partido de oposição, mas neste segundo caso o partido do Governo se quer governar sem nós, como é de seu direito, não poderá fazê-lo à nossa custa, isto é, com o nosso apodo parlamentar.

Protesto também, Sr. Presidente, porque tal não corresponde ao que está formulado a p. 7 desse memorando quando, ao referir-se a outras fórmulas de governo, o PSD diz:

Consideram-se inaceitáveis, entre outras, as seguintes fórmulas: Governo com a participação do PCP e Governo minoritário do PS ou de outro partido, com ou sem independentes por eles escolhidos.

Queria, portanto, perguntar ao Sr. Deputado Marques Mendes se poderá elucidar-me. Desde já lhe digo, Sr. Deputado, que, se por acaso conseguir explicar-me o significado, o conteúdo destas afirmações, estou perfeitissimamente à vontade para lhe dizer que nada compreendi nas negociações e que nada compreendi da leitura da sua proposta.

Vozes do PSD: - É natural!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Marques Mendes certamente quer responder, pelo que peço desculpa ao Sr. Deputado Acácio Barreiros, que está a aguardar a sua vez.

Tenha a bondade, Sr. Deputado.

O Sr. Marques Mendes (PSD): - Quero, sim, Sr. Presidente, por duas ordens de razões: primeiro, porque o Sr. Ministro Jorge Campinos acaba com as suas considerações de pôr em causa a minha honra e a minha dignidade.

Vozes do PS: - Oh!...

O Orador: - Não se incomodem, Srs. Deputados, não se incomodem. Estejam calmos, que eu também estou.

Em segundo lugar, desejo fazer um contraprotesto. Primeiro, porque não quero duvidar da palavra do Sr. Ministro, mas também não admito ao Sr. Ministro que duvide da minha.

O Sr. Ministro Jorge Campinos: - Não duvido, não duvido, Sr. Deputado.

O Orador: - E devo talvez de ora avante, quando for integrado em qualquer negociação, se porventura elas continuarem, ter de passar a exigir que se lavre uma acta devidamente assinada, o que será lamentável, mas pelos vistos terá de acontecer...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Ministro Jorge Campinos: - Apoiado!

O Orador. -..., até porque temos experiências bem amargas de compromissos assumidos e não cumpridos e, se não o foram, não foi da nossa parte que isso aconteceu. E aqui o Sr. Ministro e eu próprio