Apesar do constante, agravamento da crise e da insistência em prevenir e alertar para a política de desastre que resultava da aliança de facto à direita do Governo do PS, os meses de Agosto, Setembro e Outubro passaram sem que se, tenha verificado qualquer reacção positiva por parte do PS.
Fazendo mm balanço da situação, o Comité Central do Partido Comunista Português podia com certeza afirmar em 24 de Outubro que, a não serem antecipadas as eleições, a única alternativa democrática seria a elaboração, de uma plataforma.
Vozes do PCP: - Muito bom!
O Orador: - Os resultados de tantas hesitações, cedências e capitulações do Governo do PS face às pressões e chantagens da reacção e do imperialismo saldam-se neste momento, após dezasseis meses, por um quadro desastroso no plano económico, financeiro e político, pesado de consequências e de perigos para o bem-estar do povo trabalhador, as conquistas da Revolução, as instituições democráticas e a independência nacional.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, o Comité Central do PCP, tendo examinado atentamente a crise que assim se desenvolve decorrente da política desastrosa do Governo e das actividades desestabilizadoras, chantagens, pressões e ameaças do PPD, CDS e de outras forças reaccionárias, tendo examinado o desenvolvimento nas últimas semanas da situação económica, financeira, social e política e os problemas colocados pela apresentação pelo Governo à Assembleia da República da moção de confiança, concluiu que a moção de confiança culmina o fracasso da política de recuperação capitalista, latifundista e imperialista que conduziu o País à beira do desastre, culmina também o fracasso da fórmula Governo PS sozinho aliado de facto à direita.
Aplausos do PCP.
A declaração política há pouco proferida pelo Sr. Primeiro-Ministro nada adianta em relação às graves questões que estão em causa: a necessidade de uma nova política, a necessidade de um novo Governo.
Pelo contrário que em relação à política quer em relação ao Governo, são utilizadas formas gastas e repetidas até à exaustão ao longo de dezasseis meses de acção do Governo PS.
Os termos da moção que hoje nos foi anunciada são tão imprecisos, que servem para qualquer política e para qualquer fórmula governativa.
Aplausos do PCP.
Insistamos por isso em considerar que quer através da moção de confiança quer através da declaração política que pretende fundamentá-la, o que se pede a esta Assembleia efectivamente um cheque em branco.
Aplausos do PCP.
Afirmou ainda o Primeiro-Ministro que, se o PS abandonasse «a posição de não alianças em que sempre se tem encontrado, seria isso um rude golpe para a democracia.
Pela nossa parte, sabemos bem em que se tem traduzido tal política de «não alianças».
Tal posição de «não alianças» conduziu nesta Assembleia à aprovação pelo PS, PSD, CDS, do bloco de leis conhecidas entre os trabalhadores pela designação da contra-revolução legislativa.
Aplausos do PCP.
ser indispensáveis para sair da crise e resolver os graves problemas que Portugal defronta uma nova política e um novo Governo.
Aplausos do PCP.
Os acontecimentos mostram também que uma alternativa democrática para a política actual e para o Governo actual exige o acordo e a intervenção dos trabalhadores, exige o entendimento entre os democratas portugueses, designadamente entre socialistas, e comunistas, com vista a uma elaboração de uma plataforma que permita ao País sair das graves dificuldades actuais.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: O PCP, por seu lado, continua e encontrará aberto ao diálogo e à busca de um tal entendimento, qualquer que venha a ser a votação da moção de confiança agora em debate.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: - Como ninguém se inscreveu para pedidos de esclarecimentos, pergunto ao Partido Socialista se o Sr. Deputado José Luís Nunes, que neste momento não se encontra na sala e que é o orador que está inscrito a seguir, deseja fazer a sua intervenção imediatamente.
O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, agradecia que se aguardasse alguns minutos porque o Sr. Deputado José Luís Nunes teve de sair, mas já foi chamado.