prévio consenso majoritário-os da votação do Orçamento, do Plano e as negociações com o Fundo Monetário Internacional. Ao fazê-lo, reconhece implicitamente a nossa razão, quando viemos advertindo de que uma minoria de um terço não tinha condições para sozinha levar avante as exigências difíceis da governação e da mobilização nacional neste momento decisivo e delicado da vida de Portugal, pois se viu obrigado, ele Governo, a vir pedir agora, em cima do prazo, o acordo prévio dos partidos da oposição. Confessou o Governo a gravidade da situação nacional, não ousando assumir responsabilidades que, como Governo (minoritário, porque o quis), lhe cabe assumir exclusivamente, ou sujeitar-se a ver aprovar ou rejeitar na Assembleia por uma oposição à qual sempre recusou negociações para qualquer acordo estável.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Criou assim de mesmo, em momento por si escolhido, ama eventual crise governamental, que poderá resultar da rejeição de voto no caso de ela se dar - e da escolha da ocasião da crise como das suas consequências é o Governo exclusivo responsável, dado saber de antemão qual a atitude que, pelo menos da nossa parte, poderá esperar.

Vozes do PSP: - Muito bem!

O Orador: - Se a confiança for rejeitada, a ele cabe, pois, como partido mais votado, propor em primeira linha uma solução alternativa ao Sr. Presidente da República.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E cumpre-lhe assumir agora as consequências de sempre...

Risos do PS.

O Orador: -... ter recusado os, acordos que várias vezes os partidos da oposição democrática, especificamente o PSD, lhe propuseram, sobretudo quando começaram a ver a ineficácia crescente da acção governativa, a urgência, de definir com coerência e precisão os seus princípios orientadores e de criar condições para um apoio parlamentar e nacional que fosse estável e maioritário.

Vozes do PSD:- Muito bem!

O Orador: - O Governo e o PS deram, assim, origem a esta situação, e assim o imputam, quando optaram fórmula minoritária do Governo sem qualquer acordo prévio de apoio parlamentar estável; e contribuíram para o seu agravamento não só por uma acção governativa crescentemente indeterminada e ineficaz como pela recusa ao longo de meses de quaisquer acordos que não fossem pontuais e localizados na Assembleia da República. Só agora, perante decisões que lhe competem, como Governo ao qual a oposição tem concedido raras, facilidades para poder governar, hesita ao ver chegado o momento de prestar contas dos resultados da acção governativa, designadamente no domínio económico e financeiro. Enfim, o Governo reconhece que, como era previsível, sem apoio maioritário não pode executar, obtendo a adesão do País, uma política de austeridade. Tarde, mas reconhece. Cabe dizer, todavia, que o momento é mal escolhido: estamos numa ocasião de grandes dificuldades financeiras, perto, porventura de rupturas cambiais; e o Governo, tendo convencido o povo português no quadro de uma política de facilidades da realidade e segurança da operação do «grande empréstimo», vem afinal confessar que ela depende de negociações que deixou arrastarem-se sem conclusão e para as quais pede o acordo dos partidos da oposição, que nelas não meteram prego nem estopa. Por nós, decidiremos sempre à luz dos interesses do povo português, mas nunca sob pressão ou coacção, ou pelo mero interesse do PS.

Vozes ao PSD: - Muito bem!

nova política democrática de salvação nacional.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Se o Governo prosseguir, ele ter-se-á então tornado, ao menos no apoio parlamentar, como que maioritário, pois o seu programa e a sua acção passarão a estar condicionados, e terão sido assumidos, pelo partido ou partidos que lhe derem apoio: votar a confiança é passar a ser suporte e co-responsável pela acção do Governo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador:- Quer o Governo caia, quer se clarifique apenas quem o apoia e quem se lhe opõe, este acto democrático é, pois, positivo, apesar de só tão tarde haver sido provocado pelo Governo e pelo PS, num momento de grave crise cambial, num Dezembro de incerteza e intranquilidade. É positivo porque ou se cria ensejo para a substituição do Governo ou cessa a sua fórmula minoritária no que se refere ao apoio parlamentar. Teremos, em qualquer caso, o que tivermos, ainda que não para alguns de nós o que quisermos. E devemos aceitar isso em normali-