conheça quais os quadros em que vai actuar. Seja por ambiguidade e indefinição ou por incapacidade de conceber e executar, o resultado é o mesmo: os agentes económicos retraem-se, preferem a evasão a pôr o dinheiro a render na banca, a ourarem actividades produtivas, e a economia permanece com as negras de jogo tão pouco clarificadas como estava há dezasseis meses atrás, ou seja, está como dantes, dezasseis meses depois. O balanço da acção económica deste Governo é claro: não é por mero acaso, mas por falta de um projecto coerente e de capacidade de o executar, que os meses em que actuou foram meses de crise económica que se veio agravando. Dispenso-me agora de tratar de outros aspectos sectoriais, como, por exemplo, a falta de uma política de preços e de circuitos de distribuição ou a incapacidade para desmantelar efectivamente a máquina corporativa e paracorporativa, que continua a existir, às vezes meramente instrumentalizada por outros interesses.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É de justiça reconhecer que o Governo não teve uma herança fácil e por isso, pela nossa parte, temos exercido, tal como a restante oposição democrática, uma acção oposicionista extremamente moderada. As oscilações constantes da política do Governo, contrariando planos de inspiração colectivista com pacotes ortodoxamente liberais, programando a criação de 150 000 empregos em Julho, para agora vir definir o objectivo da mera manutenção do actual nível de emprego - tudo isto nos convence, porém, de que o crédito de confiança que eventualmente e condicionalmente lhe demos para resolver os problemas do povo português está esgotado.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Tudo isto nos convence que esse crédito foi mal utilizado e se traduziu na perda de mais tempo, de mais reservas, de mais esperança e esforço do povo português, sem correspondência na resolução efectiva dos problemas reais que, pelo contrário; correspondem a uma vida dia-a-dia mais deteriorada, a rendimentos do trabalho cada vez mais baixos.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Não exigimos que se atinja ao fim de dezasseis meses o que só pode lograr-se em dezasseis anos. Mas sabemos bem que quando há critérios correctos e um projecto coerente que começa a executar-se num prazo que já não muito curto, dezasseis meses, ou quando a acção cambaleante e alternante de equilíbrios precários entre projectos e práticas contraditórias, apenas se pode dizer: por este caminho, nem, porventura, em dezasseis séculos conseguiríamos recuperar a economia portuguesa.

Aplausos do PSD.

O Orador: - Isto que disse, tentando apontar algumas das características fundamentais de crise, julgo que é algo que os Portugueses, sentem na sua vida quotidiana.

Vozes do PSD: - Muito bem!

negociações que já começariam sem intervenção desta Assembleia ou aprovar acordos que ainda não estão concluídos nesse plano, pois não tem cabimento o voto de confiança pedido pelo Sr. Primeiro-Ministro quanto ao seu segundo fundamento. Se o teria como voto de cobertura à política económica do Governo, então a resposta em princípio, haveria de ser negativa. Já por isso votámos contra o plano económico do Governo, e as coisas, se então estavam mal, estão hoje pior.

Desde 1974 que reclamamos austeridade, e rigor (ao contrário do PS), mas ao serviço da expansão e do desenvolvimento - este o fundamento da resposta negativa a quem nos vem propor austeridade para 1978 sem planos de médio prazo para 1980. Cremos que o povo português aceitará sacrifícios, e terá de os aceitar, mas precisa acreditar que os suporta para melhorar no futuro e não porque tem de ser, ou porque é consequência de uma má gestão da sua economia.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Entendíamos que só a expansão da produção, com fomento da iniciativa privada e reestruturação de um sector público, eficiente permite distribuir mais riqueza com maior justiça social.

Na miséria não há justiça social. Temos de produzir aquilo de que necessitamos, em vez de enveredarmos pela economia de pobreza crescente. Nesta base, elaborámos propostas concretas de médio prazo, que poderão, depois de discutidas com os partidos democráticos, constituir a base de uma plataforma negociável que contenha os princípios de um novo modelo de desenvolvimento da economia portuguesa. Para isso podem contar connosco; para salvar o PS das dificuldades, mesmo afundando mais o País e na falta de uma política de fundo, não contarão connosco porém.

Aplausos do PSD.