E são precisamente os sucessos do Governo socialista que assustam alguns partidos.

A Sr.ª Maria Emília de Melo (PS): - Muito bem!

Risos do CDS.

O Orador: - Pois não se assustem, porque nós também não estamos assustados. Quando se voltar a fazer eleições, o povo português resolvera, com lições ou sem lições.

É certo que o défice externo se mantém ao mesmo nível que o do ano passado, segundo parece, mas esqueceu-se aqui também de mencionar que para essa circunstância uma das razões de mais peso foi a baixa na produção agrícola, que foi de 5 % o que mostra que um dos sectores prioritários, como, alias, é reconhecido no Plano apresentado pelo Governo para 1978, e precisamente o sector alimentar. Tentei descobrir nas varias propostas, eruditas que vieram dos outros partidos, nomeadamente do CDS e do PPD, visto que a do PCP é muito singela, não contém propriamente uma alternativa, mas apenas um ponto de vista sobre certos problemas concretos, e não descobri qualquer alusão a esse problema ...

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Não é verdade!

O Orador: - ... nomeadamente na do PPD, onde se invoca sempre a velha ideia do investimento externo como principal motor da recuperação económica portuguesa, repetição da velha ideia de um miniplano Marshall, de que efectivamente, não me consta e não sei ainda, até hoje, qual será o país que estará na disposição de o conceder. Pois se o conceder comm certeza que será bem vindo. E também duvido de que se porventura for o PPD a governar com o seu chefe ou sem o seu chefe, a sua obtenção seja mais fácil ou mais rápida.

Risos do PS.

Houve lacunas e houve deficiências - o Primeiro-Ministro reconheceu-o aludindo a essa reestruturação que vai efectuar. E fala-se também em apego ao Poder.

O Sr. Presidente: - - Desculpe, Sr. Deputado, terminou a sua hora.

O Orador: - Como?

O Sr. Presidente: - Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O Orador: - Bem, se isso é uma ordem para eu cessar, eu cesso: Muito obrigado.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Não se tratou, efectivamente, de uma ordem, porque eu para, cabo-de-ordens ainda me falta muito.

Sou apenas um simples presidente que se limitou a chamar a atenção do orador para os prazos estabelecidos por todos os partidos. Tem a palavra o Sr. Deputado Cunha Leal.

O Sr. Cunha Leal (PSD): - Sr. Presidente, pedi a palavra para um protesto.

Risos do PS.

Bem, poderia começar por protestar contra a insolência que provém da bancada do Partido Socialista, mas como já estamos habituados a isso, passo adiante.

Protesto contra a circunstância de o Sr. Deputado Salgado Zenha, ilustre Deputado, ter aqui afirmado que o meu partido pretendia perseguir o Partido Comunista ao estilo que se usava antes do 25 de Abril.

Protesto, porque isto é um desvirtuamento total das nossas afirmações e do nosso comportamento.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador - A única coisa que nós não queremos é colaborar com, o Partido Comunista na elaboração de uma plataforma de Governo.

Risos do PS.

Mas a este respeito podemos louvar-nos num lugar selecto que veio num jornal e que passo a ler:

Não queremos ligações com ele porque alguém me disse que é uma força totalitária que põe em perigo qualquer projecto democrático.

Talvez que esta expressão, proferida há cerca de um ano, não seja alheia ao Sr. Dr. Salgado Zenha...

Aplausos do PSD.

Protesto contra a circunstância de que novamente, numa retournelle que se está tornando fastidiosa, se tornou a invocar o que se passa nos Açores e na Madura, quando está por de mãos esclarecido que aquilo que se lá passa de mau não sofre comparações, para melhor, com aquilo que se passa aqui e provém precisamente da não colaboração do Governo central.

Risos do PS e aplausos do PSD.

Protesto contra a circunstância de, para justificarem posições, se arvorarem em medianeiros e salvadores nacionais, quando ainda há dias se puderam ler nos jornais determinadas afirmações que casso a reproduzir:

Quer eu próprio, como Primeiro-Ministro e como secretário-geral do PS, quer o meu partido, tudo faremos para auxiliar o Sr. Presidente da República nas situações em que ele se encontre, porque o considero u garante das instituições democráticas.

Aplausos prolongados do PS.

Espero que o Sr. Presidente me desconte a euforia das palmas do Partido Socialista!