os Srs. Deputados que aqui intervieram, Sousa Franco e Sérvulo Correia, estariam ao nosso lado. Não tenho dúvidas nenhumas acerca disso, mas pergunto-lhes: que responsabilidade terão no derrubar agora do Governe? É evidente que eu sei que é próprio dos partidos da oposição quererem derrubar os governos: e perfeitamente próprio e sei que é difícil a pressão dentro dos quadros desses partidos, pois os partidos são máquinas de se chegar normalmente ao Poder. Não o ignoro. Mas, perante a situação que vivemos e no estado em que estamos, seria útil que nós todos - portanto falamos no interesse nacional de que todos já falámos - o contemplássemos e que, antes de tomarmos decisões que podem fazer derrapar a nossa jovem democracia, reflectíssemos maduramente.

É evidente que se o PSD e o CDS se apresentassem como alternativa do Poder...

O Sr. Marques Mendes (PSD): - Outra vez?!

O Orador: - ...º problema estava resolvido.

Eu só me permito fazer estas reflexões e submetê-las ao povo português porque, quer um quer outro dos partidos, nos disseram que afastavam essa ideia e vão agora atirar com as responsabilidades para cima do Presidente da República, que é garante das instituições portuguesas e da democracia. Aquilo que nós. partidos, não fomos capazes de resolver, seria o Presidente da República capaz de fazer? Compreende-se isso numa estratégia para queimar e comprometer o Presidente da República e não para o defender como deve ser defendido.

Aplausos do PS e protestos do PSD e CDS.

O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - Não apoiado!

O Orador: - Está no seu directo de o dizer, Sr. Deputado. Devo lembrar-lhe porém, que o ouvi, que também não estive de acordo e nunca lhe disse «não apoiado». Mas eu sou mais tolerante do que o Sr. Deputado...

O Sr. Cunha Leal (PSD): - Nós fomos tolerantes em lhe permitir falar para além da hora e a nós isso não nos foi permitido.

O Orador: - Se o Sr. Deputado entende que me devo calar, calo-me neste momento; mas como a Câmara me concedeu mais algum tempo, continuarei, e estou quase no fim.

O Sr. Cunha Leal (PSD): - V. Ex.ª prometeu que era pouco e agora está a desenvolver.

E costuma distinguir-se por dois factos fundamentais: um é o seu realismo político, outro e o facto de ser um partido de massas.

Será que foram auscultadas as massas trabalhadoras? Será que essas mansas trabalhadoras, aqueles que vão sentir na carne a nossa decisão, nas fábricas, nas empresas, por esse País fora, quererão a queda do actual Governo, com um grandíssimo grau de probabilidade de a esse Governo suceder um Governo de direita? Esta é a pergunta que faço ao PCP dizendo desde já que não creio que as massas trabalhadoras desejem isso.

O Sr. António Esteves (PS): - Muito bem!

O Orador: - Quem terá a certeza neste pais de que, após a nossa decisão desta noite e se o Governo cair, não se irá criar uma dinâmica do direita ou de extrema-direita extremamente perigosa para todos aqueles que acreditam na democracia e nas liberdades?

Compreendo muito bem as dificuldades do PCP depois das campanhas encarniçadas que fez contra o Governo do PS durante estes dezasseis meses, mas o problema, senhores do PCP é vosso inteiramente vosso. A nossa posição é clara: não pedimos os vossos votos, não enjeitaremos os vossos votos.

Aplausos do PS.

Sr. Deputado Cunha Leal, devo dizer-lhe que estou no fim.

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - Ainda bem!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Se o Governo cair. resta-me desejar boa sorte ao novo governo, pois bem necessita dela. Nós, PS, nessa hipótese, comportar-nos-emos como verão, como oposição responsável que não fará obstruções sistemáticas e que continuará a defender nesta Câmara aquilo que julga ser o interesse nacional.

O Sr. Marques Mendes (PSD): - É o que temos feito!

O Orador: - Permitam-me apenas uma nota pessoal, para terminar: durante estes dezasseis meses fiz o melhor que pude, fiz o melhor que sabia, fi-lo com o sacrifício de todas as horas, de todos os momentos e sem estar nunca a contemplar os meus