definidos no texto do decreto-lei não em portaria saída nas vésperas, como é costume, têm por base não um verdadeiro ensino de um ano, mas sim aquilo a que eu me atrevo a qualificar de um antiensino.

O Sr. Américo Cerqueira (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Antiensino porquê? Porque passivo, totalmente individualizado, feito sem contacto entre professor e aluno, porque feito exclusivamente à distância, por meios mecânicos, sem possiblidade de diálogo, de participação, contra tudo o que a pedagogia contemporânea hoje engloba no conceito de mim verdadeiro ensino.

Mas, além de tudo isto, o Ano Propedêutico não pode servir de base à selecção dos que terão acesso ao ensino superior, porque, tal como existe e como aqui já foi afirmado, levará a uma falsíssima e deturpada «selecção», favorecendo à partida alguns candidatos em detrimento de outros.

Com que dificuldades depararão os estudantes que não disponham de aparelho de televisão ou só a ele tenham acesso em ambientes ruidosos ou não propícios a uma audição perfeita? Que fazer aos alunos residentes em zonas do território nacional ainda não cotarias efectivamente peia televisão ou com nomes dificuldades de recepção? Não enriqueçamos que de acordo com palavra s muito recentes do director de programas da RTP, há ainda milhões, repito, milhões de portugueses que, habitualmente, não vêem televisão porque não querem, mas sobretudo porque não podem ou não têm acesso a elas.

Há ainda a questão das horas de transmissão no 1.º canal que impedem os trabalhadores-estudantes de seguir o programa televisionado. É certo que, já com meses de atraso, vai começar, ao que se presume no dia 9, ainda com dúvidas, ao fim da tarde, no 2.º canal, a retransmissão. Mas quais são as zonas do País onde o 2.º canal é captado e se o é, em boas condições? E os inúmeros: aparelhos receptores, que ainda estão em uso, sobretudo os mais antigos, que não podem receber as emissões desse mesmo 2.º canal?

Não pode, pois, um ensino ministrado em condições tão desiguais que não está ao alcance de todos em igualdade de circunstâncias ser uma base, mínima sequer, para selecção. Se se tentar que o seja, contra as nossas propostas, abrir-se-ão portas às discriminações existentes e a novas que ele próprio vem criar. Os que residirem em regiões mais longínquas, onde as emissões da TV não chegam ou chegam em piores condições, serão gravemente prejudicados. Nas zonas urbanas do litoral florescem já - basta ver os anúncios dos jornais diários que tão reveladores - explicadores, salas de estudo, etc., que provam que o contacto à distância não chega...

O Sr. Gonçalves Sapinho (PSD): - Muito bem!

O Orador: -... e que são inacessíveis não só aos que vivem longe, como aos que não podem na realidade pagar esse suplemento.

O Sr. Cunha Leal (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Eis, portanto, o acentuar das discriminações regionais, económicas e sociais de. que o País já padece.

Pergunto só: Se em diversos países mais desenvolvidos do que o nosso se verificam distorções sociais e regionais no acesso ao ensino superior, que se virá a verificar entre nós nestas circunstâncias? Se em França, por exemplo, um filho de um quadro ou profissional liberal tom n vezes mais probabilidades de entrar no ensino superior do que um filho de um operário ou de um camponês, como, aliás, na União Soviética o filho de um burocrata ou intelectual tem vezes mais probabilidades do que o filho de um operário ou de um camponês, que virá a suceder aos portugueses?

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Quantas?

O Sr. Gonçalves Sapinho (PSD): - Muito bem!

biblioteca apropriada, onde os estudantes poderão mais facilmente deslocar-se e ir tirar dúvidas, em contado directo com docentes qualificados.

Em cada sede de concelho, e eventualmente noutras povoações que o justifiquem, deverá haver ao