científica e tecnológica que lhe permita inovar e transformar as matérias-primas, exportando no fundo, como alguns outros pequenos países europeus, a produção intelectual; que o seu nível cultural lhes permite.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Cunha Simões (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Só assim, Sr. Presidente e Srs. Deputados, entraremos seguros na Comunidade Europeia; só assim dançaremos de ser meros exportadores de mão-de-obra não qualificada e evitaremos viver, por enquanto, de créditos constantes >e até, um dia, quem sabe, de esmolas ... Só assim, para concluir, será definitivamente resolvida a crise económica, só assim será salvaguardada a verdadeira independência nacional, na interdependência com os povos da comunidade a que vamos pertencer, na descoberta de um melhor futuro para a humanidade.

Aplausos do PSD e do Sr. Deputado Cunha Simões (CDS).

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Ambrósio para pedir esclarecimentos.

A Sr.ª Teresa Ambrósio (PS): - Sr. Deputado Pedro Roseta, perante tão judiciosas considerações que aqui foram tecidas por si, baseadas numa vasta literatura que teve o cuidado e a gentileza de fornecer a esta Assembleia, não une contenho que não lhe faça uma pequena pergunto. Gostaria de saber se o Sr. Deputado animado, de certa meneara, por todo este seu entusiasmo pela educação permanente e pela introdução desse conceito em todo o sistema educativo 'de ensino do País, não se perdeu pelo meio e teve em consideração a sociedade em que quer aplicar esses mesmos conceitos, isto é, se, deveras entusiasmado com todo esse seu interesse e ideai, não está a imaginar uma sociedade fora deste munido e desta história? Porque se o Sr. Deputado tiver a bondade de descer a este país concreto, o nosso país, eu pergunto-lhe para quem é que defende a educação permanente.

Desculpe lembrar-lhe apenas algumas coisas. Nós temos, sob o ponto de vista cultural e educativo, uma sociedade dualista - os que sabem ler e os que não sabem. O Sr. Deputado esquece-se das nossas percentagens de analfabetos, que são mais de 25 %? Esquece-se também que acima disso ainda temos mais de 50 % de mão-de-obra activa que tem a 4.ª classe ou que nem sequer a tem? E eu pergunto, Sr. Deputado, para que tipo de cidadãos, portugueses é que o Sr. Deputado está a defender essa educação permanente? Todo esse conceito de se ser realmente capaz de acompanhar a evolução do Mundo, de se situar de se realçar, de ser pessoa...

É que na sua exposição, Sr. Deputado, apenas concluo que está realmente a tentar defender qualquer coisa, que não sei muito bem o que é, mas que se apitará possivelmente só e exclusivamente àqueles que já sabem ler e tem um nível escolar suficientemente devido e, muito provavelmente, aos jovens, o que, evidentemente, me pareceu ser o seu interesse principal.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Queira responder, Sr. Deputado Pedro Roseta. Teve apenas uma única interpelante.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - O que, aliás, agradeço à Sr.ª .Deputada Teresa Ambrósio, bem como as suas referências introdutórias e elogiosas...

O Sr. Jorge Leite (PCP): - Pois! Pois!

O Sr. Benjamim Leitão (PS): - Dos, anjinhos!

O Orador: - Eu defendo a educação permanente - para além daquilo que dita a Constituição e porque a Declaração Universal dos Direitos do Homem também o diz para todos. E se esteve com atenção, deve ter ouvido a minha citação da obra, que certamente conhece, tão conhecida da é, Aprender a Ser, publicada por uma série de autores sob a égide da UNESCO. Foi assim que eu disse, é assim que a UNESCO diz, e o que a Sr.ª Deputada parece ignorar é que a educação parmisivente é para todos» os estádios de desenvolvimento, até para os países mais subdesenvolvidos...

Vozes do PSD: -Muito bem!

O Orador: -... e que a educação permanente engloba várias realidades que vão desde a alfabetização para os 25 % de analfabetos que a Sr.ª Deputada citou até à educação permanente adequada aos 50 % que só têm a 4.ª classe e até a restante educação permanente para os outros 25% que tem algo mais do que a 4.ª classe.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD)' - Muito bem!

O Orador: - Portanto, Sr.ª Deputada, em todas as sociedades é possível a educação permanente. E não é, como me parece resultar da sua pergunta, tornando a educação (permanente subjacente a outras