O Orador: - Sr. Deputado, peço-lhe que me deixe falar, porque assim será melhor. Eu ouvi atentamente o Sr Deputado Ourara Dias e não fiz nenhuma exclamação...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Eu, apartes, posso fazer!

O Orador: - Sr. Deputado, peço-lhe, por favor, que escute e depois proteste, se entender que o deve fazer

Eu já disse o que esse partido era na Assembleia e, portanto, não o vou repetir, mas disse também que esse partido tinha em relação ás, suas ligações extraparlamentares abundantes ligações fascistas.

O Sr. Cunha Simões (CDS): - E você é um fascista com complexo de inferioridade!

O Sr. Oliveira Dias (CDS): - É melhor não irmos, por aí...

O Orador: - Eu disse isto, e não considero que os Srs. Deputados do CDS possam, politicamente, sentir-se insultados. Podem, sim, pensar que a apreciação é pesada e, se assim o acharem, eu diria que tem interesse notar isso, mas a verdade é que esta apreciação é nossa e será vossa quando partir dos Srs. Deputados e, portanto, não há motivo nenhum para falar em insulto. Nem sequer há insulto na terminologia que adoptei, porque, Se se reparar, não há na minha intervenção nenhuma palavra mais grosseira - poderia haver, mas não há. As palavras que empreguei são de uso corrente e cordato entre pessoas, mesmo quando estas são adversários políticos ou mesmo inimigos. Portanto, desde já rejeito todas a? acusações de insulto ou de afirmações insultuosas. Se o Sr. Deputado não está de acordo, está no seu direito, o que não lhe nego. Se essa bancada entende defender a política que defende, é um direito que nós não negamos, mas cada um deve assumir as responsabilidades que tem e só as suas.

Relativamente à primeira pergunta que me pôs a respeito da formação do II Governo Constitucional, reafirmo a posição que já assumimos: eu disse logo na altura que essa questão não era para esta oportunidade, mas, de facto, fiz desde logo algumas afirmações que exprimem o nosso ponto de vista a respeito das ameaças e dos perigos que tal Governo trazia consigo para a democracia, para as conquistas da Revolução, para a independência nacional e também para os anseios das massas laboriosas. O Sr. Deputado protestou contra as três primeiras afirmações que produzi, mas não contra aquela que fiz em último lugar e que no texto não se encontra em último lugar.

O Sr. Oliveira Dias (CDS): - Eu perguntei, Sr. Deputado! Eu perguntei!

as não comeu. Há muita gente que distingue a liberdade não só em termos de conceito, mas também em termos de realidade, e o Sr. Deputado dispensar-me-á de explicar que as liberdades que desejamos são para todos, mesmo para aqueles que discordam delas...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Aí discordo...

O Orador: -..., desde que não usem essas liberdades para as destruir.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado Oliveira Dias perguntou-me também porque é que havia perigos e ameaças para as conquistas da Revolução, e queria dizer-lhe que são bem conhecidas as posições do CDS: acharam que era pouco a Lei da Reforma Agrária, pois quereriam ir ainda mais longe do que a entrega de terras aos latifundiários; acharam pouco a Lei das Indemnizações, pois queriam ir atada muito mais longe na entrega imediata de milhões de contos àqueles, que exploraram e oprimiram o povo português e que foram a base real do fascismo em Portugal;...

Vozes do PCP: - Muito bem.

O Orador: - ... o CDS achou pouco tudo o que se fez em matéria de legislação sobre arrendamento lurai como achou pouco o que se fez em matéria de legislação do trabalho. Assim, Sr. Deputado, apenas tenho a perguntar-lhe o seguinte: se acharam tudo isto pouco, que querem mais?

Uma voz do CDS: - Querem melhor!

O Orador: - E querem também, por exemplo, aquilo que não conseguiram: instituições financeiras privadas que, sob a capa de instituições financeiras, concorram com a nacionalização da banca, questão fundamental para as nacionalizações, para a nossa independência económica e para assegurar o progresso da democracia em Portugal.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Eu poderia citar mais exemplos, mas o Sr. Deputado dispensar-me-á disso.