Liminarnente, confirmarei que fui um dos defensores da solução governativa "PS sem alianças nem à direita nem à sua esquerda", que considerava recomendável e com viabilidade.

Ora, como se sabe, essa posição foi ultrapassada pelos órgãos representativos do meu partido, que recentemente entenderam outorgar um contrato político com o CDS, cujos termos prevêem a comparticipação de elementos democratas-cristãos num Executivo de base e controlo socialista, com vista ao apoio maioritário estável do futuro Governo, pensadamente até ao termo da presente legislatura.

Aceitando embora que não se trate de uma coligação clássica, não posso, todavia, esconder a frustação que essa alegada "fórmula subtil" amargamente me trouxe.

Suponho, aliás, ser este o estado de espírito da maioria dos demais militantes de base do Partido Socialista, que vêm engolindo tal cedência à direita com o constrangimento de quem traga uma necessária colherada de óleo de fígado de bacalhau ...

Este tipo anómalo de aliança tem efectivamemte sido experimentado noutros países, como mezinha para a consolidação do esqueleto económico e para a recuperação de diagnosticados enfraquecimentos gerais.

Claro que é preciso ter estômago forte para aguentar a receita - e há mui-to quem rejeite a poção; mas o sacrifício valerá a pena se for assim possível salvar a jovem democracia portuguesa e manter o projecto constitucional.

Penso que não importa repetir agora as acusações que um dia fiz contra os responsáveis pela crise em que o País está mergulhado. Gosto, aliás, bem mais da política do que da História ...

Não obstante, e por razões de honestidade, devo neste momento reconhecer que diversos sectores do I Governo Constitucional pecaram por falta de previsão ou de competência, por passividade e descoordenação e, ainda, por omissão de uma atitude firme, intransigente e eficaz contra o compadrio e a corrupção que campeiam em muitas esferas da Administração Pública.

Estas deficiências do I Govermo Constitucional lavraram o terreno da opinião pública para uma boa proliferação das críticas que particularmente os partidos da direita lhe endereçavam - por demagógica e preconcebida oposição -, praticamente desde o seu empossamento, então, portanto, ainda sem qualquer procedência. De facto, tendo o respectivo programa passado nesta Assemblelia em 11 de Agosto de 1976, logo em 14 de Outubro o CDS aqui atacou frontalmente o Governo, sendo imitado no dia seguinte pelo PSD, sempre preocupado em não perder os comboios; idênticos ataques seriam de novo desferidos por estes partidos contra o Executivo, respectivamente, em 28 de Outubro e 10 de Novembro, quando os governantes não haviam ainda sequer aquecido o lugar e não tinham naturalmenle podido mostrar o pouco ou muito que valiam ...

Na jornada política que agora terminou, aparece como ganhador o CDS - melhor dizendo, o sector democratizado desse partido. E avulta a coragem política dos seus responsáveis de topo, tambem eles confrontados com os amargos de boca de boa parte das suas bases reaccionárias.

0 grande vencido será, porventura, o Partido Social-Democrata - teoricamente afim do PS, mas enjeitando o papel coadjuvante que lhe competia na construção do socialismo democrático, tão apregoado no seu programa de papel. Direi melhor que a grande derrota cabe à linha direitista e anticonstitucional que lhe vem sendo traçada pelo seu chefe, actualmente na clandestinidade.

te - comprometendo o objectivo constitucional da transição para o socialismo.

O Sr. Américo Sequeira (PSD): - 0 problema não é teu!

chamada "Juventude Centrista" possa marginalizar todos os arruaceiros neonazis que ainda a infestam e lhe vinham dando tom.