No decurso das negociações travadas entre o CDS e o Governo [...] não se ajustou uma nova política económica e financeira, com base na qual os partidos signatários da plataforma pudessem vir a fazer frente comum e ante o FMI, apresentando-lhe um novo modelo como resultado de uma revisão, do lado português, do quadro de interlocutores, e de responsáveis pela definição da política a adoptar.

Tão pouco se chegou a acordo, nas negociações efectuadas, quanto à dimensão necessária da base política e social de apoio a um novo Governo constitucional.

E justificava assim o CDS a tese de um acordo parlamentar tripartido:

O que o CDS pensa é que no contexto actual, que é muito grave, se torna indispensável encontrar a mais ampla base de consenso nacional que for aceitável para vencer a crise - e não apenas, como parecer o objectivo do PS, a menor base die entendimento parlamentar que for necessária para apoiar o Governo.

Por outras palavras, nós entendemos que se deve procurar alargar a plataforma ao máximo possível, enquanto o PS parece desejar restringi-la ao mínimo indispensável.

O nosso objectivo é conseguir maximalizar a viabilidade nacional da plataforma, ao passo que o objectivo do PS parece ser tentar minimizar o risco partidário da solução.

Poderia limitar-se a repetir - e deixar que o julgamento, por outro seja feito -, que alguma coisa mudou.

Mas disse que, para verificar o quê, porquê e quando mudou, iria recordar o debate sobre a moção de confiança apenas em mais um episódio. Todos estarão lembrados que o meu colega de bancada Marques Mendes obteve do presidente do CDS resposta afirmativa e um esclarecimento pedido, o de saber se ao CDS chegara a ser feita qualquer proposta de acordo com o PS com a exclusão do PSD. Mas recordo também, o protesto do então Ministro sem pasta Jorge Campinos. Segundo este, «o CDS propôs ao Governo um acordo bilateral, acrescentando ainda que o Partido Socialista deveria conduzir as negociações de maneira a levar o PSD punha como ponto prévio, e contrariamente ao CDS, a questão da composição do Governo. Mais ainda que visse o caso CDS poderia considerar que havia ruptura da «convergência democrática» e que o CDS, contrariamente ao PSD, não havia nenhum inconveniente na adesão do PCP, a um acordo com o Governo, desde que esse acordo não fosse contrário entre o Governo, o Partido Socialista e o próprio CDS.

Recordo o facto, não porque ele não tenha sido, então objecto de réplica, nem por conhecer como as coisas se passara. Mas para sublinhar que, ao menos neste caso concreto, não terá havido mudança mas apenas progresso ...

Aplausos do PSD.

...e também aqui não pretendo julgar, sem sequer da veracidade das versões.

Aqui, repito, não terá havido mudança. É isso o importante do acordo PS/CDS.

É que o PS continuou a querer restringir uma plataforma «ao mínimo indispensável, à menor base de entendimento parlamentar necessária para apoiar o Governo». Por isso convinha o parceiro menos exigente.

Vozes do PSD: -Muito bem!

O Orador: - Aquele para quem o interesse pelo poder fosse suficientemente forte para renunciar por exemplo á economia de mercado aceitando a coexistência concorrencial, que quando da apresentação do I Governo Amaro da Costa não sabia o que fosse e esperamos que, pelo menos agora já saiba.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Já.

Risos do PSD.

O Sr. Cunha Rodrigues (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Mas no somatório de ganhos e perdas, haverá que perguntar-se se o País ganhou...

O Sr. Sérvulo Correia (PSD): - Muito bem!

Aplausos do PSD.

Disse que o programa era um máximo divisor comum. Mas tenho dúvidas. E nem sei se também entre nós, não teremos dois Partidos separados por um programa comum.