lucidez necessária para assumir a sua responsabilidade fundamental que é empreender, investir e administrar; que os trabalhadores tenham a vontade e a disposição necessárias para se dedicarem à produção com redobrado afinco; que os funcionários públicos tenham o zelo e a diligência necessários para colaborar com competência e executar com prontidão; e que os grupos ou categorias mais favorecidos tenham a inteligência necessária para aceitar novos e mais pesados sacrifícios que o bem comum lhes vai exigir.

Vozes do PCP: - Claro!

O Orador: - Que todos os portugueses, em suma, aceitem ter hoje menos do que desejam para poderem receber amanhã mais do que prevêem.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O esforço que de todos vai ser exigido será grande. Por isso terá de ser concentrado.

Façamos pois convergir, durante os próximos doze meses, todas as nossas atenções e capacidades no objectivo prioritário - vencer a crise económica. Não nos desviemos um só milímetro do essencial, não nos deixemos distrair pelos diversos incidentes do dia-a-dia, nem nos perturbemos com pequenos factos que não ficarão na história.

Se assim for, estou certo de que conseguiremos alcançar essa vitória por que todos os portugueses anseiam e, então, lançados com firmeza os alicerces, partir de bases mais sólidas para a construção dia felicidade, da grandeza e do futuro de Portugal.

Aplausos do CDS e do PS.

O Sr. Presidente: - Os nossos trabalhos continuarão às 15 horas.

Está suspensa a sessão.

Eram 13 horas.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.

Eram 15 horas e 10 minutos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito para formular pedidos de esclarecimento ao Sr. Deputado Freitas do Amaral.

o CDS revelou, no decorrer das negociações, uma grande abertura ou, pelo contrário, pensa que o CDS atingiu, quer no que toca ao programa, quer no que toca à distribuição de pastas e de outras posições, os objectivos fundamentais que tinha em vista? Recordo-lhe que o Sr. Deputado afirmou que o CDS não renunciou a nada de essencial. E, depois de tudo isto, o que significa vencer a última batalha?

O Sr. Presidente:- Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Leite, também para pedidos de esclarecimento.

O Sr. Jorge Leite (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Freitas do Amaral: Formulo uma pergunta simples: O Sr. Deputado; em tempos não muito longínquos, concretamente em Julho de 1976, disse que o problema da construção do socialismo em Portugal estava ultrapassado, não porque, note-se, como entende o St. Primeiro-Ministro, a questão do socialismo se tenha de meter na gaveta, mas porque, imagine-se, para o Sr. Deputado Freitas do Amaral Portugal era já um país socialista.

Sendo certo que o CDS tudo fará pelo capitalismo e nada pelo socialismo, eu pergunto: O CDS entra agora para o Governo porque considera que o I Governo Constitucional restaurou em Portuga! o capitalismo?

Risos do PSD.

Ou entra para o Governo na intenção, aliás lógica, na opinião do partido do Sr. Deputado, de destruir aquilo que entretanto foi conquistado e que o próprio Sr. Deputado Freitas do Amaral considerou como passos fundamentais na construção de uma sociedade socialista em Portugal?

O Sr Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Veiga de Oliveira, também para pedidos de esclarecimento.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Professor Freitas do Amaral, deputado nesta Assembleia e principal responsável do Partido do Centro Democrático Social, foi particularmente claro na sua intervenção. Afirmou que este Governo era forçosamente mais à direita -não o fez por estas palavras, mas é claro que o disse- e que, se não fora assim, naturalmente o CDS não poderia dele participar.

No estilo, nos esquemas lógico-formais e nas subtilezas mostrou ser um homem de raras qualidades...

O Sr. Salgado Zenha (PS): - Muito bem!

O Orador: -... , mas mostrou também ter um passado e uma ascendência política que não ilude ninguém, Sr. Deputado.

Tendo o Sr. Deputado a certa altura afirmado que «se não nos preocuparmos com certos pequenos factos que não ficarão na história ...» e tendo concluído «... pelo êxito e peio futuro desta aliança do PS com