O Orador: - Também o Sr. Deputado Sérvulo Correia falou nesta Assembleia num estilo e com palavras que não esperávamos encontrar em si, pois que sempre nos habituou a uma cortesia e elegância de maneiras.

Risos do PSD.

Mas é natural que a necessidade de ir às bases explicar a política do PSD lhe faça trazer para esta Assembleia o mesmo estilo que aí tem, naturalmente, de usar.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Queríamos também perguntar-lhe, já que o PSD é um partido tão coerente como acabou de afirmar o Sr. Deputado Sérvulo Correia, num estilo de autoglorificação e de presunção que não esperávamos encontrar nesse partido, de que aliás, a Sr.ª Deputada Helena Roseta dizia ontem num aparte: «Nós somos o único partido democrático desta Câmara, Srs. Deputados»...

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Eu não disse isso. O Sr. Deputado ouviu mal!

O Orador: -..., o que também já lhe começa a dar a categoria não só de messiânico é de ser o melhor, mas de partido único, como é o que o PPD - que para toda a gente neste país é um partido que se tem caracterizado pelas oscilações, pelas incoerências, pelas mudanças de rota, pelas mudanças de líderes - pode, com sensatez, evidência e transparência reclamar-se de uma coerência? Basta perguntar ao Sr. Deputado Sérvulo Correia como explica, por exemplo, que o vosso ex-presidente..

Uma voz do PSD: - Outra vez?!

O Orador:- ...- mas era o vosso presidente! - ..., afirmasse numa determinada fase que a Constituição era social-democrata, magnífica, depois de ter dito que era uma Constituição marxista, e, repentinamente, passar a entender que a Constituição era um entrave, que era preciso revê-la, que era necessário mudar o quadro institucional deste país, que era necessário mudar o próprio sistema institucional.

Vozes do PSD: - É falso! É falso!

O Orador: - Como explica essa monumental incoerência, que é a maior de todas, pois é face à própria Constituição da República Portuguesa?!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Emília de Melo para pedidos de esclarecimento.

A Sr.ª Maria Emília de Melo (PS): - Sr. Deputado, o silêncio que se seguiu à intervenção do Sr. Ministro Vítor Constâncio teve. no momento, para mim, um determinado significado, nomeadamente o silêncio do PSD.

Dada agora a sua intervenção, queria fazer-lhe uma pergunta muito curta para poder ficar com um significado rigoroso desse silêncio: o Sr. Deputado ouviu com atenção e percebeu o discurso do Sr. Ministro Vítor Constâncio?

Vozes do PSD: - Parece que quem não percebeu foi a Sr.ª Deputada!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Ângelo Vieira.

Pausa.

O Sr. Deputado Ângelo Vieira não está?

O Sr. Ângelo Vieira (CDS): - Estou sim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Queira desculpar, Sr. Deputado, procurava-o na bancada do Partido Socialista.

O Sr. Ângelo Vieira (CDS): - Ainda não, Sr. Presidente.

O Sr. Salgado Zenha (PS): - Que falta de imparcialidade, Sr. Presidente...

O Sr. Ângelo Vieira (CDS): - Sr. Deputado Sérvulo, ouvi com surpresa as suas preocupações acerca dos resultados, com surpresa. E daí a pergunta que lhe ia fazer: porque se mostra neste momento o PSD tão interessado nessa massacrada massa humana, quando durante dois amos ou perto disso - tantos quanto comandou a cúpula dos organismos encarregues da sua orientação -, nada fez por eles.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Será que o Sr. Deputado já está em campanha eleitoral?

É só um esclarecimento, Sr. Deputado: quem faz esta pergunto sentiu, na carne os efeitos negativos dos comandeis do então PPD na direcção do chamado IARN, com todo o cortejo de fraudes, burlas e compadrios.

Aplausos, do PS e CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre para pedidos de esclarecimento.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - O Sr. Deputado Sérvulo Correia afirmou, a dado passo do seu discurso, que o meu camarada Jaime Gama estava convencido de que através de uma coligação com o CDS se poderia fazer uma política social-democrata.

Queria perguntar ao Sr. Deputado Sérvulo Correia, que tanto salientou a coerência social-democrata do seu partido, o seguinte: quando o seu partido se empenhou na convergência com o CDS era para fazer o que?

Risos do PS.