mente se fica a dever ao facto de que, quer o PSD quer o PCP, têm necessidade de demonstrar aos seus adeptos que não andam a copiar-se um ao outro.

O Sr. Jorge Leite (PCP): - É falso, porque não é a mesma coisa.

O Orador: - O PSD, estranhamente, irá votar contra o Governo, porque não votou contra o I Governo Constitucional. O PCP alega para o mesmo efeito que esta fórmula não serve a sua leitura do projecto constitucional. Se o PCP votar a moção do PSD e o PSD votar a moção do PCP, ficará demonstrado o aspecto gratuito de terem apresentado moções diferentes.

Vozes do PS: - Muito bem! Risos.

O Orador: - Mas se se abstiverem, ou votarem cada um contra a moção do outro, dar-se-á que o PSD e o PCP vão votar contra e não vão votar contra o Programa deste Governo.

O Sr. Octávio Pato (PCP): - Esse é o seu desejo!

O Orador: - A Oposição, nessa altura, passará de dividida a confundida e será manifesto o reforço da base, ia maioritária, de apoio parlamentar ao Governo.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Seja, porém, qual for o resultado da votação por parte do binómio PSD/PCP, é uni facto adquirido neste momento que a crise do Governo foi resolvida e que dessa resolução só não têm de se orgulhar os partidos que para ela não trabalharam como deviam.

A consciência daquilo que é o Portugal de hoje, das suas dificuldades mas também das potencialidades do seu povo, leva-nos a ter uma ideia clara sobre aquilo que Portugal deve ser: um país democrático, moderno e europeu.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Portugal pode ser uma nação democrática, moderna e europeia!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Com vontade, com realismo...

Vozes do PCP: - E o socialismo?

O Orador: -..., com espírito patriótico e, acima de tudo, com muito trabalho, este país há-de ter o lugar a que tem direito.

Aplausos do PS e CDS.

O Sr. Presidente: - Vamos proceder agora às inscrições para pedidos de esclarecimento ao Sr. Deputado Jaime Gama, que terão lugar depois do intervalo.

Pausa.

Estão inscritos os Srs. Deputados: Acácio Barreiros, Magalhães Mota e Helena Roseta. Vamos agora fazer um intervalo de trinta minutos.

Eram 17 horas e 30 minutos.

Após o intervalo, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente António Jacinto Martins Canaverde.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.

Eram 18 horas e 15 minutos.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Jaime Gama tem a palavra o Sr. Deputado Acácio Barreiros.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado Jaime Gama fez um conjunto de malabarismos, que lhe são habituais...

... e eu queria aproveitar esta oportunidade para lhe fazer um pedido de esclarecimento sobre uma questão que muito me tem intrigado.

... ou se, pelo contrário, o Sr. Deputado Jaime Gama acredita tão pouco neste Governo que resolveu ficar de fora para preparar o seguinte.

Uma segunda questão que lhe queria colocar é a seguinte: No debate que houve aqui, nesta Assembleia, sobre a Reforma Agrária, o Sr. Deputado afirmou o seguinte acerca do CDS (cito do Diário da Assembleia da República: «O CDS, como partido que votou contra a Constituição, mão podia deixar de ser contrário à concretização legal dos princípios constitucionais em matéria de Reforma Agrária», e mais isto: «E, em segundo lugar, porque o CDS confunde os agricultores portugueses, confunde a agricultura portuguesa com a sua clientela política, constituída por uma facção extremista, a Confederação dos Agricultores Portugueses!»

Uma voz do PSD: - Boa piada!

O Orador: - Portanto, eu gostava de perguntar se o Sr. Deputado mantém esta posição de considerar que o CDS, porque votou contra a Constituição, é contra a concretização dos objectivos constitucionais e se no seu entender o CDS representa ainda a facção mais extremista da CAP ou então, e se me permite, usando as palavras do Sr. Primeiro-Ministro Mário