nomeadamente o acordo compensatório com o PC e, portanto, aí, efectivamente, deliberámos não formar Governo com os senhores, mas porque os senhores não estavam em condições ou não desejavam estabelecer aquela plataforma tripartida com uma base programática sólida que nós entendíamos necessário fazer para resolvermos problemas deste país.

Agora, o Sr. Deputado, quando vem, referindo-se à afirmação da minha colega, dizer que nós quisemos ser oposição e que o quisemos desde o princípio, saiba que isso não corresponde à realidade e, por outro lado, ignora o seguinte ou parece esquecer-se de que, tal como há bocado disse, depois de, quase no termo das negociações, nos comunicarem que iam formar Governo com o CDS e nos terem proposto uma plataforma de outro tipo, portanto, um tipo de acordo feito entre o PS como partido do Governo, e o nosso, como partido de oposição, nós dissemos não, e dissemos que ficaríamos na oposição, descomprometidamente, de mãos livres e foi precisamen te a esse ponto e à deliberação que, nesse sentido, foi tomada no Congresso do Porto que a Sr.ª Deputada Helena Roseta se referiu.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre, presumo que para..

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Para direito de defesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Como, Sr. Deputado?

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Para direito de defesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Eu quero dizer que estou em perfeitas condições políticas e morais para disparar as fachadas que entender contra quem quer que seja, e, sobretudo, contra aqueles que contra mim as disparam. O Sr. Deputado Magalhães Mota fez uma afirmação misteriosa que eu interpreto como uma insinuação e tenho o direito, como Deputado eleito que fui, de lhe exigir explicações ou desculpas.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Magalhães Mota.

O Sr. Magalhães Mota (PSD): - O Sr. Deputado Manuel Alegre não tem o direito de defesa. O Sr. Deputado Manuel Alegre foi quem quis atacar.

Protestos do PS.

Segundo ponto, igualmente claro e igualmente firme...

O Sr. António Macedo (PS): - Ora essa! ...

O Orador: - Sr. Deputado António Macedo, eu não estou a falar consigo.

O Sr. António Macedo (PS): - Como, como?

O Orador: - Não estou a fadar com o Sr. Deputado.

O Sr. António Macedo (PS): - E é bom que não fale. porque frechas tenho eu para dar...

O Orador: - Pois, certo. Encantado, Sr. Deputado ...

O Sr. Deputado Manuel Alegre não obterá de mim que faça algo que poderia parecer uma delação.

O Sr. Herculano Pires (PS):- Está a fazê-lo, Sr. Deputado.

O Orador: - Não o faço, não quero fazê-lo, não quero insinuar nada, não quero sugerir nada.

Vozes do PS: - Está, sim, Sr. Deputado.

O Orador: - Portanto, não o farei. Isso não obterá de mim, e, portanto, tal como não insinuo.

O Sr. Herculano Pires (PS): - Está a fazê-lo, Sr. Deputado!

O Orador: - Não estou, não, Sr. Deputado, do mesmo modo que não darei mais explicações e não estranharei sequer as preocupações do Sr. Deputado.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Protestos do PS.

O Sr. Jaime Gama (PS): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Jaime Gama pede a palavra, e eu chamo-lhe a atenção para o facto de o seu partido ter já ultrapassado em três minutos o tempo regimental. De qualquer modo, faça o favor de dizer para que efeito pede a palavra.

O Sr. Jaime Gama (PS): - Sr. Presidente, deixo ao seu critério o facto de eu fazer um curtíssimo contraprotesto às declarações do Sr. Deputado Sérvulo Correia, depois desta infeliz intervenção do Sr. Deputado Magalhães Mota.

Protestos do PSD.

O Sr. Presidente: - Como creio não haver oposição da Câmara, o Sr. Deputado pode fazê-lo.

O Sr. Jaime Gama (PS): - O Sr. Deputado Sérvulo

Correra disse duas coisas surpreendentes e que contêm na sua simples transcrição um desmentido daquilo que afirmou, porque disse que o PS tinha, nas negociações, proposto ao PSD que ou lhe interessava fazer um acordo com ele ou com o CDS, em alternativa. Depois, disse que da nossa parte tinha havido a declaração de que estávamos dispostos também a subscrever um acordo com o PSD desde que o PSD também aceitasse aquilo que o CDS tinha aceite.

Vozes do PSD: - Ninguém disse isso!

O Sr. Moura Guedes (PSD): - É má fé!