a adesão popular progressiva às reformas sociais-democratas reduziu a quase nada o apoio de que gosam.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Risos do PCP.

O Orador: - E, francamente, acusar, certas pessoas, nesta Câmara, perdoem-me a modéstia, como a mim, de pacto com o PCP não lembraria ao próprio Diabo ...

Risos do PSD.

..., não só pelas provas dadas, mas por todos saberem o que pensamos da actuação do PCP, como pela recusa em participar na negociações que se fizeram para, por acordo paralelo, apodar o PCP ao Governo. Pudessem os Srs, Deputados dos outros partidos dizer a mesma coisa.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Mas não podia deixar passar em claro o impudor ...

Aplausos do PSD.

O que não podia era calar a indignação pela desfaçatez de um partido governamental que buscou o apoio do PC para votar inúmeras leis, que nesta tribuna mendigou apenas há dois meses até ao último momento, os seus votos para fazer passar uma moção de confiança e que vem agora inventar palhas que não há nos olhos alheios, esquecendo as grossas traves que tem nos seus.

Aplausos do PSD. Vozes do PS: - Ah!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Embarcando neste Governo original, maioritário umas vezes outras não, o CDS assumiu também a responsabilidade, que até aqui era só do PS, de não se ter ainda conseguido em Portugal uma coligação verdadeira, um governo de salvação nacional. Mas par favor não continuem a comparar esta solução coxa e intermitente com as coligações que os partidos que nos são afins têm realizado lá fora.

Vozes do PS: - Ah!

O Orador: - Se não houve coligação verdadeira e claramente maioritária, como essas, a culpa foi do CDS e do PS, por insistirem não só nessa solução dita da base mais as personalidades, mas, sobretudo, na subsistência de uni programa que nós nunca poderiamos subscrever, e por isso aqui apresentámos a moção de rejeição.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Porque esquecem que muitos partidos defendem, lá fora e em situações bem menos graves que a nossa, a necessidade de coligações e de plataformas programáticas que tenham apoio de muito mais de 50 % do eleitorado?

Não venham, pois, falar no «doce sacrifício» do Poder que, aliás, não querem deixar. Não venham atirar as culpas da situação para a oposição democrática, que é firme, mas que sabe e quer dialogar, ou afirmar falsamente que esta não apresentou respostas para a crise quando ela, na verdade, oportunamente o fez. Tudo isso é que é, ao contrário do que disse há pouco um Sr. Deputado do PS, a mais rematada demagogia, em que, felizmente, -ninguém acredita.

Vozes do PSD: -Muito bem!

O Orador: - Aliás, há mais de cem anos, Eça de Queirós ridicularizou «definitivamente» os nossos antecessores que aqui vinham dizer o mesmo. Realmente, por vezes, a história repete-se.

Risos do PSD.

Mas, mau-grado a tentativa de desviar o objecto do debate, atacando o passado dos partidos de oposição, esquecendo que quem tem estado no Poder há muito - o PS - é que é responsável pela situação a que o País chegou, o povo ficou a conhecer melhor essa situação e a saber o que pode esperar deste Governo.

Vozes do PSD: - Multo bem!

O Orador: - Melhoria do seu bem-estar e resolução dos graves problemas que o afligem no seu dia-a-dia? A resposta é: não. Acentuação progressiva da dependência do exterior, e colocação nos ombros das gerações futuras de um pesadíssimo fardo que terão «de pagar», sem que lhes sejam dados os instrumentos educacionais, culturais e tecnológicos para o poder fazer: a resposta é sim.

Quem quer o Poder quer as responsabilidades. Em democracia, ninguém lhes escapa. Mais tarde ou mais cedo, veremos as contas que delas tereis de prestar ao povo. Nós, que nele confiamos totalmente, sabemos que vos dará a sanção que merecerdes.

Aplausos do PSD.

Vozes do PS: - E a alternativa?

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Amaro da Costa.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É para dar esclarecimentos ao Sr. Deputado Pedro Roseta que eu pedi a palavra.