Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Mas agora o CDS vai mais longe e aqui enxertaria o meu protesto, embora o Sr. Deputado Magalhães Mota faça outro depois em nome do meu grupo parlamentar - não contente com tudo o que se passou aqui, não contente com intrometer-se na própria vida pessoal dos dirigente partidários...

Vozes do CDS: - Na vida pessoal?! ...

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - O Sr. Deputado Sérvulo Correia chamou-nos conservadores...

Protestos do PSD.

O Orador: - É muito estranho que isso aconteça. Não esperávamos que o CDS quisesse dizer alguma coisa sobre as misturas do centrismo com a democracia cristã, com o liberalismo e com o conservadorismo. Mas que grande salada russa!

O Sr. Oliveira Dias (CDS): - Salada russa?!

O Orador: - E agora até estão de novo sensíveis aos valores do socialismo.

Ainda bem, que votariam outra vez a sociedade sem classes.

O meu grupo parlamentar e eu fizemos aqui críticas ao Programa do Governo, fundadas e profundas, que julgo que foram as essenciais em matéria de educação, ciência e cultura. O CDS nada disse sobre esta matéria. Engoliu tudo porque está disposto a engolir milhões de litros de óleo de fígado de bacalhau...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Faz muito bem!

O Orador: - ... e outras coisas mais.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Mas não óleo de rícino...

O Orador: - O CDS vem agora falar da maioria que dá esclarecimentos à minoria. Quem diria! um partido que nada disse sobre o Programa do Governo enquanto o nosso se pronunciou sobre todos os assuntos que enunciei. Um partido que subscreve uma plataforma para uma maioria intermitente, isto é, que é maioria dia sim. mas não é maioria dia não, conforme o tal acordo qualifica as decisões de fundamentais ou não.

Sr. Deputado, nós temos o direito de criticar esta pretensa maioria, esta intermitência e esta originalidade ...

O Sr. Agostinho do Vale (PS): - É só nomes!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - E fazem muito bem!

O Orador: - ..., que nada têm a ver com as coligações que se fazem por essa Europa fora.

O Sr. Deputado também disse: nós estamos no Governo em posição minoritária porque temos uma percentagem de votos muito inferior à do PS. Não era nada disso que estava em discussão. Não tente deitar nevoeiro, porque nevoeiro já há muito e isso aqui não colhe.

Vozes do CDS: - Não tanto, não tanto...

O Orador: - O que entrava em discussão não era, como acontece nos outros países, de o SPD, por hipótese, fazer uma coligação com o Partido Liberal Alemão, em que ao nível de Governo cada um deles tem em pé de igualdade a representatividade decorrente da percentagem dos votos populares, não era isso que estava em causa; o que estava em causa era esta entranha fórmula de Governo de base PS com personalidades centristas, despartidarizadas num sentido e noutro não, constituindo uma estranha maioria que funciona a conta-gotas.

O Sr. Agostinho do Vaie (PS): - É só ciúme!

O Orador: - Nunca defendamos o exclusivo, como disse, nem queremos governar sozinhos. O que queremos é que ninguém pense que as ideologias, nem que seja para brincar, como teria feito o Sr. Deputado Ribeiro e Castro, se tomam como as batatas.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Como o bacalhau!

O Orador: - Não é isso que está em causa. Enquanto o CDS é tão amplo que consegue meter no seu seio muitas ideologias incompatíveis e ainda sentir-se sensível aos valores do socialismo, o PSD sempre defendeu a social-democracia, que é a sua ideologia, e nunca se afastou do seu programa. Pudessem os outros partidos dizer o mesmo...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Para a autocrítica que deviam fazer é que eu chamo a sua atenção e não para a crítica da Oposição, mas sim para a crítica da sua própria atitude nos últimos meses e do seu programa, que deixam muito a desejar como todos já viram.

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - A tese deles é a tese da partido único.

Aplausos do PSD.

O Sr. Magalhães Mota (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Magalhães Mota (PSD): - Para um protesto, Sr. Presidente,