Com a firmeza, a coragem e a determinação de quem tem muito a defender; com serenidade e lucidez; com unidade, confiança e entusiasmo, os trabalhadores, os democratas, as forças sociais e políticas que estão com o regime democrático saberão defender os ideais e as conquistas de Abril, saberão construir o Portugal livre, próspero e independente que corresponde à sua vontade, às suas aspirações, saberão manter o caminho do socialismo apontado pela Constituição da República.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Freitas do Amaral para uma intervenção.

O Sr. Lino Lima (PCP): - Vamos lá ver agora se vocês gostam de apartes.

O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Está a terminar o debate que nesta Assembleia se efectuou sobre o Programa do II Governo Constitucional.

Da discussão havida algo de positivo resultou. A maioria parlamentar começou a funcionar e encontrou-se a si própria; a oposição, por seu lado, viu-se pela primeira vez ao espelho e verificou, embora com pesar, que é de facto minoritária.

O Governo saiu reforçado do debate - sólido, sereno e seguro die si; os partidos da oposição ficaram enfraquecidos- nervosos, inquietos, divididos.

Vozes do PSD: - Olhe que não!

O Orador: - É sintomático que intervenções políticas fundamentais do Governo, como a declaração sobre política externa e a declaração sobre política económica, financeira e monetária, não tenham suscitado protestos, nem críticas, nem sequer pedidos de esclarecimento, da parte de qualquer Deputado da oposição.

Aplausos do CDS e PS.

Assim, mais do que o Programa, mais do que as soluções concretas para os problemas nacionais, mais do que a política a seguir pelo Governo, o PCP e o PSD atacaram sobretudo a fórmula governativa de que não fazem parte.

O Sr. Marques Mendes (PSD): - Está enganado, Sr. Deputado!

O Orador: - Como ambos admitiram, porém, durante a crise, participar de uma maneira ou de outra na respectiva solução, e atendendo a que criticam sobretudo a circunstância de o Governo ter rido formado a partir de um entendimento entre o PS e CDS, temos de concluir que o motivo principal dos ataques consiste apenas no facto de o PCP e o PSD terem ficado na oposição, isto é, fora do Governo e sem influência nele.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Semelhante atitude é natural da parte desses Partidos, mas, como é óbvio, reduz consideravelmente o valor moral, o significado político e a eficácia prática dos seus ataques e das suas críticas.

Houve durante o debate, infelizmente, acusações sem fundamento, calúnias sem desculpa, deturpações da verdade inadmissíveis.

O Sr. Cunha Leal (PSD): - É verdade, é verdade!

O Orador: - Foram respondidas de imediato e a elas não voltarei: primeiro, porque o povo português sabe que o DGS nunca lhe mentiu;...

Risos do PSD e do PCP.

Vozes do PSD: - Boa piada!

O Orador: - ...segundo, porque tais processos de luta política prejudicam quem os utiliza e quem deles se ri, mas não quem deles é vítima; e, terceiro, porque os Portugueses esperam de nós, seus Deputados, qualquer coisa de melhor e de mais sério do que vistosas agressões verbais com que tantas vezes se esconde a desarrumação das ideias, a vaidade ferida ou a simples falta de solução para as dificuldades enfrentadas

O Sr. Fernando Pinto (PSD): - Parece que se está a ver ao espelho!

que estamos a viver. O Governo e a sua maioria terão de se mostrar abertos e dialogantes; a Oposição e os seus adeptos terão de se revelar responsáveis e moderados; uns e outros deverão, em suma, sem abdicar dos direitos que lhes pertencem, exercê-los, todavia, em função da situação em que o País se encontra e com plena consciência de que não está em jogo apenas o êxito ou o insucesso de um Governo, mas sobretudo a liberdade e a independência de Portugal, a prosperidade, o bem-estar e a segurança dos Portugueses

Aplausos do CDS

Estou certo de que o Governo saberá estar à altura das suas responsabilidades - por isso lhe dou o meu apoio. E tenho esperança de que a Oposição, pelo