Aplausos do PS e do CDS.
O Sr. Sérvulo Correia (PSD): - Disso somos nós os juízes.
O Sr. Salgado Zenha (PS): - Apoiado!
O Orador: - ...tem gozado nesta Assembleia de um estatuto de tolerância do qual me parece que está a abusar um pouco...
O Sr. Cunha Leal (PSD): - Homessa! Está a censurar?!
O Sr. Salgado Zenha (PS): - Abusa, mas nós gostamos.
O Orador: -...em termos de democracia. E permitiu-se na sua intervenção fazer referências que me parece que foram além de certas normas. E eu tenho o dever de lhe chamar a atenção para isso, porque concretamente falou, referindo-se a mim, que eu estava a «mudar de camisa ou de casaca».
Eu devo dizer ao Sr. Deputado da UDP - que não tem passado antifascista conhecido - que não lhe reconheço autoridade moral, nem política, para me dar lições de antifascismo.
Aplausos do PS e de alguns Deputados do CDS.
Mas não foi por este aspecto que eu referi a intervenção do Sr. Deputado da UDP. Foi porque julguei ver nas suas palavras como que um apelo para um bloco que tivesse por missão ou por função derrubar o actual Governo. E disse mesmo que o Governo tinha pés de barro e que poderia ser derrubado. Ora, em democracia, um Governo legítimo - como será este e é este - só pode ser derrubado por esta Assembleia.
Vozes do PS: - Muito bem!
O Orador: - O Sr. Deputado aqui nesta Assembleia só tem um voto e representa pouco mais de 1 % dos Portugueses, o que é pouco, manifestamente curto, para falar em nome de trabalhadores e muito especialmente para falar em nome de trabalhadores socialistas, como hoje já se arrogou o direito de falar. Ninguém lho reconhece e devo dizer-lhe que cai no ridículo do País se o continuar a fazer.
Aplausos do PS e do CDS.
Portanto, é bom que tenha o sentido das suas próprias proporções e do que representa nesta Casa. Ninguém lhe tira os seus direitos, mas não passe acima de certas regras. Sobretudo se pensa que é legítimo ou que o Governo toleraria que se tentasse derrubar na rua aquilo que não se consegue derrubar por via dos mecanismos democráticos. Disso o Sr. Deputado desiluda-se, porque não lho consentiremos, em defesa da legalidade democrática, nem a si nem a ninguém.
Aplausos do PS e do CDS.
Quanto às outras críticas de um lado e do outro, quer do lado do PCP, que declarou ser um partido responsável e que estaria disposto sempre a sublinhar aquilo que era positivo, embora no seu conjunto e à partida globalmente estivesse contra, e da parte do PSD, que disse recentemente - aliás num termo muito polémico e em que reincidiu - que estava na disposição de fazer uma «oposição selectiva». O adjectivo é importante e eu reconheço que nessas matérias da Oposição há adjectivos e estou de acordo nesse particular com o Sr. Deputado Sousa Franco.
O Sr. Salgado Zenha (PS): - Muito bem!