o 25 de Abril. Necessitam de um regime forte, arbitrário, que cale as vozes demasiado discordantes e permita aos grandes capitalistas enriquecer à custa do labor da classe operária e do povo trabalhador.

O CDS está a fazer um grande esforço para se fingir democrático e poder entrar no Governo sem provocar grandes sobressaltos. E está também a pagar o seu preço, pois há por aí muito reaccionário que não compreende porque há-de o Sr. Freitas do Amaral ou o Sr. Amaro da Costa vir para esta tribuna camuflar aquilo que realmente pensa e deseja com beáticos louvores à democracia.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Isto é ofensivo, Sr. Presidente.

O Orador: - A prova da grande farsa teatral que o CDS vem mantendo nesta Assembleia foi-nos dada logo no início deste debate pelo Deputado Cunha Simões, conhecido escriba no pasquim fascista O Templário.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, tenho de retirar-lhe a palavra porque já pela segunda vez usou de uma expressão ofensiva da consideração de um Sr. Deputado.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Não dou licença nenhuma.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Mas posso interpelar a Mesa?

O Sr. Presidente: - Não dou licença nenhuma, já lhe disse. O Sr. Deputado chamou caceteiro e não sei que mais ao Sr. Deputado Galvão de Melo...

Acaba de chamar escriba a outro Sr. Deputado. Faça o favor de se sentar.

Se quer interpelar a Mesa, ela não tem nada a responder-lhe porque o Sr. Deputado vai sentar-se.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Mas eu posso interpelar a Mesa, eu tenho o direito de o fazer, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Pois interpele a Mesa à vontade, porque a Mesa vai dizer-lhe a mesma coisa.

Faça o favor de interpelar a Mesa, Sr. Deputado.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Pois, Sr. Presidente, devo-lhe dizer que o que está aqui escrito é acerca de um jornal que o Ministério Publico...

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado não está a interpelar a Mesa.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Estou, sim. Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Se me dá licença, Sr. Deputado, eu não aceito. Não me interessa para nada a referência a jornais. Interessa-me só que chamou escriba a um Sr. Deputado desta Assembleia.

Estou a mandá-lo sentar-se. Faça o favor de se sentar.

Se não se senta, eu interrompo a sessão.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Mas posso recorrer da decisão da Mesa?

O Sr. Presidente: - Pois claro que pode. Faça o favor de recorrer.

No entanto, tenho a dizer que tenho sido muito liberal em deixar que os Srs. Deputados exponham nas declarações de voto certos princípios dialécticos, etc. Contudo, o Sr. Deputado acaba de fazer duas afirmações que reputo de extremamente graves, primeiro dirigindo-se ao Sr. Deputado Galvão de Melo e depois ao Sr. Deputado Cunha Simões. Foi com esse fundamento que eu resolvi convidar o Sr. Deputado a sentar-se.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Mas espero, Sr. Presidente que ao menos, para interpor recurso não me seja cortada a palavra.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados; O que está escrito neste texto refere-se a um jornal, O Templário, que foi proibido pelo Ministério Público e por várias vezes foram apreendidas as suas edições.

Protestos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, tenham paciência; o Sr. Deputado Acácio Barreiros está no uso de um direito que tem sido reconhecido várias vezes nesta Câmara. O Sr. Deputado está a justificar a razão de interposição do seu recurso.

Por isso, faça o favor de continuar, Sr. Deputado Acácio Barreiros,