e se absteve relativamente à moção apresentada pelo PCP.

Votámos favoravelmente a nossa moção, em primeiro lugar, em nome da concepção que sempre tivemos, que temos hoje e nos propomos ter sempre das exigências de defesa da democracia.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Democracia é, antes de tudo. transparência e liberdade de escolha do futuro perante várias alternativas.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A democracia defende-se, pelo contrário, deixando brotar as diferenças e alternativas e considerando-as todas à luz dos ideais do pluralismo, da convivência e da tolerância.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Nos tempos conturbados que temos vívido, depois que o povo português e o seu sonho inapagável de liberdade reapareceram, não foi ainda tempo para a transparência e para a alternativa democráticas. Aí estão as constantes e recíprocas acusações, aí está uma crise tão evidente quanto avassaladora e cuja paternidade todos, enjeitam, aí tem continuado a indefinição de um poder, que o seja -para arcar com os louros e as responsabilidades - e de uma oposição democrática que assuma como tal e seja estímulo, reivindicação e, sobretudo, alternativa ao Poder.

Aplausos do PSD.

É preciso que acabe, de uma vez por todas, a perniciosa tradição que obriga o poder a afirmar que, que para além dele, só existem as forças do mal, o dilúvio da opressão, o fim da liberdade ...

Vozes do PSD: - Muito bem!

Orador -... que o leva a arvorar-se em tutor da Oposição, em preceptor solícito da Assembleia da República, em fiscal de quem tem por missão e por dever fiscalizá-lo.

Aplausos do PSD.

Urge que não ceda à tentação de pensar a oposição democrática como sustentáculo de um poder com o qual não concorda. É necessário reconhecer-lhe legitimidade para substituir a todo o momento o poder constituído e libertá-lo da prisão permanente da ideia perniciosa do mal menor. A partir de agora tudo deve ser claro como o não pôde ser ainda após o 25 de Abril de 1974.

Uma voz do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Se o PS e o CDS puderem vencer a crise, a bem do povo português, que partilhem os louros da forma que entenderem. Se falharem, que isso signifique aquilo que para nós é claro e seguro: que tem de ser procurada outra alternativa democrática que como tal se assuma e que nós, os sociais-democratas, queremos, sabemos e podemos representar.

Aplausos do PSD.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador:... Tínhamos a ideia - a discussão destes dias só serviu para que ela em nós se radicasse - de que tal acordo nem é o melhor possível nem muito menos o que o povo e a história teriam o direito de esperar dos partidos democráticos.

O Sr. Sérvulo Correia (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Rejeitar, pois, o programa e o governo que de um tal acordo derivam, surge-nos como uma exigência que se não compadece com dilações. Hoje teria ainda sido a hora de o substituirmos por outro melhor. Amanhã, não sabemos se isso ainda será possível e viável - sem prejuízo de, como partido democrático que somos e nos assumimos, nos comprometermos solenemente em fazer todos os sacrifícios para que as alternativas se mantenham em aberto e não fiquem para a história como responsáveis aqueles que agora decidiram, com espírito de aventura ou mesmo de autodestruição, escolher uma barca frágil para a travessia da procela.

Aplausos do PSD.

Votámos a nossa moção, em terceiro lugar, porque o programa surgiu à nossa análise como uma proposta sem coerência e sem o golpe de asa necessário à superação da crise.

A apreciação pelos representantes do povo de um programa de governo não é seguramente, nem pode ser, mera valoração académica da correcção e justeza formais de um texto. É, tem de ser, apreciação de um projecto real de actuação dentro de um determinado quadro político.

O Partido Social-Democrata recusa formalmente a asserção do Sr. Primeiro-Ministro segundo a qual não teria discutido o programa.