pelos aderentes do PSD, não é um movimento sindical nascido no seio dos trabalhadores?

Risos do PSD.

O Orador: - Sr. Deputado, continuo a não compreender as perguntas que me dirige. É claro que a linha sindical reformista tem outros exemplos em países estrangeiros, mas quando referi os militantes sociais-democratas que aprovaram as linhas programáticas da tendência sindical reformista é evidente que me estava a referir a trabalhadores sociais-democratas e muitos são, em número, os trabalhadores que confiam no Partido Social-Democrata, como se vê, cada vez em maior número.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Agostinho do Vale (PS): - Ilusão óptica !

O Orador: - Queria responder, também, ao Sr. Deputado Domingues Abrantes. O Sr. Deputado põe a questão da central sindical, da Intersindical, se corresponde ou não à vontade dos trabalhadores. Pois eu direi que corresponde à vontade de uma parte dos trabalhadores, não à sua totalidade, Sr. Deputado.

Quando o Sr. Deputado me pergunta se o que eu pus em causa foi a forma de criar a central sindical democrática ou foi propriamente o conteúdo, eu responder-lhe-ei, muito simplesmente, que aquilo que questionei foi a forma, e por essa razão o PSD não se ingeriu no movimento- sindical. Os trabalhadores, quando quiserem, têm todo o direito de criarem a sua central sindical democrática. Não precisam que ninguém faça isso por eles e é por essa razão, em, nome da democracia sindical e em nome da democracia, que a Partido Social-Democrata usou aqui da palavra sobre esta matéria, denunciando o que de errado há na criação de uma central por parte de uma organização não sindical.

Vozes do PSD:- Muito bem !

O Orador: - E penso que esta resposta dada ao Sr. Deputado Domingues Abrantes já respondeu à questão de fundo que foi suscitada na intervenção do Sr. Deputado Jorge Leite.

Depois pergunta-se, também, se há sociais-democratas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Farmacêutica. De facto, a par de trabalhadores de outras tendências há também sociais-democratas. Mas, Sr. Deputado, não é isso que está em causa. Eu lembrei esse caso dizendo que ele foi citado na conferência de imprensa dada pelo CES e o que eu critiquei foi, essa conferência de Imprensa do CES. Não está, neste caso, em causa aquele sindicato como não está em causa qualquer outro sindicato.

Quanto ao protesto que, foi formulado pelo Sr. Deputado Marcelo Curto: o Sr. Deputado falou em tentativa de ingerência, não no movimento sindical mas no Partido Socialista. Bem, Sr. Deputado. isto não é nenhuma tentativa de ingerência

Uma voz do PS: - É mesmo !

Aplausos do PSD

O Sr. Marcelo Curto (PS): - Dá-me licença, Sr. Presidente ?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Marcelo Curto.

O Sr. Marcelo Curto (PS): - Sr. Presidente, pedi a palavra para prestar esclarecimentos à Câmara e, sobretudo, ao Sr. Deputado Furtado Fernandes.

Na verdade, eu utilizei, o termo "ingerência." como um termo eufemístico. É evidente que a ingerência que o Sr. Deputado Furtado Fernandes faz aqui ou tenta fazer dentro do PS não é ingerência, mas é intriga.

Risos do PSD.

É tentar, efectivamente,, não discutir o movimenta sindical nem as linhas sindicais, não defender os interesses dos trabalhadores, mas tentar provocar a intriga e a divisão no seio do PS.

Aplausos do PS.

O Sr. Deputado Furtado Fernandes pode tirar dai o sentido porque o PS é um partido coeso, é um partido em que coexistem tendências, em que há discussão, em que se tentam encontrar as melhores orientações nos diversos domínios. Isso não é divisão, isso não é fracção, é discussão e é espírito crítico. É isto talvez que falta ao PPD, porque, Sr. Deputado, também sabemos - e eu não vou aqui alimentar essa intriga - que no PPD também nem toda a gente pensada mesma maneira no campo sindical. Não estamos numa assembleia sindical, não estamos aqui a representar os interesses sindicais dos trabalhadores, mas o Sr. Deputado disse que há uma linha reformista. Pois há uma linha reformista e há uma linha que, não sendo reformista, não tem de ser revolucionária, como o Sr. Deputado disse na sua intervenção. Isso é uma teoria maniqueísta em que "ou é preto ou é branco". Sindicalismo de luta e sindicalismo reivindicativo não é necessariamente um sindicalismo revolucionário.

Eram estes os esclarecimentos que eu queria dar à Câmara.

O Sr. Sérgio Simões (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.