por esses intermediários oportunistas que estão a fazer verdadeiros comícios junto dos agricultores, para os levarem - com o papão da colectivização - a venderem, apressadamente, as suas reservas em árvores, provocando assim um maior aviltamento dos preços. Eu julgava que o Sr. Deputado iria reagir contra essa campanha que se está a processar em certas regiões do País, nomeadamente naquela que citou ...

Uma voz do PSD: - O Sr. Deputado ouviu mal.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, também para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Carvalho Cardoso.

O Sr. Carvalho Cardoso (CDS): - Sr. Deputado Vítor Hugo dos Santos, queria dizer-lhe que apreciei muito a sua exposição e que nós, desta bancada, estamos inteiramente de acordo com a necessidade de fazer a revisão dos Decretos-Leis n.º' 439-D/77 e 439-E/77. Todavia, no sentido dessa revisão, gostaria de lhe fazer alguns pedidos de esclarecimento.

Sem pôr em causa a necessidade de levar as técnicas da silvicultura racional aos sistemas florestais existentes, nós somos de opinião que não se devem usar métodos repressivos, mas sim lançar mão de uma acção educacional, porque então o agricultor ficará defendido daquilo que o Sr. Deputado e o Sr. Deputado Armando Bacelar referiram. Pensamos que de facto uma acção educacional pode substituir perfeitamente os métodos repressivos que normalmente os portugueses, e em particular os agricultores, detestam.

Quanto às minhas perguntas, são as seguintes: se entende ou não que se deve optar por uma acção educacional, em detrimento de uma acção repressiva; se assim for, se essa acção educacional deve ser feita através de um Serviço de Extensão Rural, aliás montado e em fase de grande ampliação, e, se assim for, isto é, se for feita pelo Serviço de Extensão Rural, se entende o Sr. Deputado que esse Serviço deve ser especificamente florestal ou antes entroncar num Serviço Geral de Extensão Rural polivalente que apoie a exploração agrária integral.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vítor Hugo dos Santos para responder às questões formuladas.

O Sr. Vítor Hugo dos Santos (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sinto-me particularmente honrado porque o Sr. Deputado Armando Bacelar, ao intervir pela primeira vez nesta Câmara, o fez efectivamente numa matéria sobre agricultura, e não sobre a saúde, matéria de que foi Ministro. Além disso, gostaria, à partida, de contestar a sua afirmação de que a minha intervenção se insere numa tese de defesa dos intermediários e dos exploradores.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Quanto aos preços baixos do material lenhoso - e eu devo dizer que tenho uma certa dificuldade em responder concretamente à exposição do Sr. Deputado, porque me pareceu mais uma intervenção do que um pedido de esclarecimento -, estamos de acordo. Estamos de acordo por esta razão: é que efectivamente o material lenhoso que resulta da exploração estatal fica, segundo números que ninguém ousa contestar, em cerca de 900$ o estere, enquanto a entidade particular, o proprietário privado da floresta, aquele que faz da floresta o seu mealheiro, tem que vender a 400 e poucos escudos, por via da tabela que o Governo do seu partido aprovou.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Quanto ao abuso no abate de árvores, sobre este aspecto, Sr. Deputado, creio que ignora uma realidade evidente: é que efectivamente o detentor da floresta, no Centro e no Norte do País, pelos números que apontei e que não merecem contestação, porque foram retirados de publicações oficiais, tem como média de área de exploração florestal, ainda que situemos essa média no conjunto do território que vai desde o norte do Tejo até ao Minho, 1,25 ha. Sabendo nós que esta área é extremamente diminuta, como entender que o lavrador só não recorra a ela em situações de emergência? É evidente que só quando o seu mealheiro, o tal mealheiro de que falei há pouco, se encontra profundamente afectado é que esse lavrador, o detentor da área florestada, se dispõe efectivamente a vender o seu material. Mas aí caberia ao Estado a apresenta-