O Orador: - Assim toda a gente o entendeu, e inclusivamente o entendeu a imprensa que estava presente e que o publicou tal qual.

O Sr. Jorge Leite (PCP): - Eu já lhe explico.

O Orador: - Aliás eu não estive presente nessa reunião da subcomissão e li tal informação na imprensa diária.

Disse ainda o Sr. Deputado que nós condenávamos, só por si, a autogestão. Eu queria esclarecê-lo, Sr. Deputado, que nós não condenamos a autogestão, mas condenamos sobretudo as explicações que nada têm a ver com a autogestão.

Também havia aqui uma dúvida, que eu não sei se interpreto bem e que era a de que eu na minha exposição chamava trabalhadores a todos os indivíduos que trabalhavam nas diferentes funções, desde a função técnica à função administrativa, passando pela função comercial. Eu digo-lhe que sim, Sr. Deputado, pois todos são trabalhadores. Há autores que dividem os trabalhadores em produtivos e improdutivos; os produtivos são aqueles que trabalham nas funções verticais e os improdutivos nas funções horizontais. Mas eu perguntava a V. Ex.ª se se considera ou não trabalhador.

O Sr. Jorge Leite (PCP): - Eu não lhe perguntei isso.

O Orador: - Eu, por mim, considero-me.

O Sr. Deputado Carlos Brito perguntava qual era o sentido do nosso voto. Sr. Deputado, só tem que aguardar para ver, no final da discussão na generalidade, qual é o sentido do nosso voto. Não tenha tanta pressa em saber.

O Sr. Lino Lima (PCP): - Mas que grande segredo!

O Orador: - VV. Ex.ªs já nos ensinaram a ter esses segredos!

Risos do CDS.

Na verdade, têm tido muitas vezes esta Câmara em suspenso até à última hora.

O Sr. Carlos Laje (PS): - Muito bem!

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Não é o caso.

O Orador: - De maneira que nós, nesse aspecto, somos bons discípulos.

Risos do CDS.

Perguntava-me se teríamos a intenção de absolver todos os patrões. Nós não temos intenção de absolver ninguém nem somos juízes. Isso é com quem deve absolver, mas também não podemos condenar todos os patrões nem absolver todos os trabalhadores, como VV. Ex.ªs fazem partindo desse pressuposto.

Quanto à caridade, estranhou que eu falasse em caridade entre países e que eu dissesse na minha exposição que a caridade entre países só levava a uma vergonha nacional, ou qualquer coisa neste género, perguntando depois se nós nos socorremos do Fundo Monetário Internacional por necessidade. Ora, essa necessidade é resultante do mesmo PREC a que aludi no princípio.

O Sr. Cavalheira Antunes (PCP): - Não é, não!

O Orador: - É uma opinião. Esse empréstimo do Fundo Monetário Internacional pagá-lo-emos necessariamente todos, sem dúvida nenhuma. V. Ex.ª mesmo também há-de pagar.

Risos do PS, do PSD e do CDS.

Todos nós pagamos.

Protestos do PCP.

Apesar de protestar, paga.

Risos do PS, do PSD e do CDS.

Podem bufar, mas pagam.

O Sr. Deputado Carlos Brito fez-me uma pergunta em relação aos 959/o das empresas tecnicamente falidas. Parece-me que esta pergunta já obteve resposta.

Também fez uma referência aos mendigos da Europa e perguntava desde quando somos mendigos da Europa.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - O Sr. Deputado é que fez a referência.

O Orador: - Sim, o Sr. Deputado fez referência à referência que eu tinha feito aos mendigos da Europa. Bem, não sei desde quando, mas o que será ...

A Sr.ª Hermenegilda Pereira (PCP): - É ignorante!

O Orador: - Bom, Sr.ª Deputada, eu ainda não esclareci.

Mas, Sr. Deputado, queria fazer-lhe uma pergunta também: será melhor sermos mendigos da Europa ou sermos mendigos da União Soviética?

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Muito bem!

O Orador: - É que a experiência que eu tenho de se ser mendigo da União Soviética adquiri-a num país que gravita na órbita da União Soviética.

O Sr. Aboim Inglês (PCP): - E o Sr. Deputado em que órbita gravita?

O Orador: - Está nervoso, Sr. Deputado?

Quero dizer que nunca vi maior tristeza, na maior dependência, na maior sujeição, na maior subserviência, em qualquer país do mundo, mesmo naqueles que são devedores.

Aplausos do CDS.