muito bem que não é esta lei que vai criar o sistema de autogestão; que não é esta lei que vai permitir um sistema autogestionário, tal como ele deve ser concebido, que não são estes tipos de empresas que vão fundamentar ou basear um sistema autogestionário.

Gostava agora de passar às perguntas ao Sr. Deputado Lino Lima, que são as seguintes: O Sr. Deputado Lino lima acusou os projectos do PS de serem corporativos. Não nos disse porquê e eu gostava de saber em que é que ele se fundamenta para classificar de corporativos - corporativo no sentido próprio, com a herança de cinquenta anos de fascismo e de corporativismo- os projectos. Por haver tutela do Estado? Eu gostava de saber se isso é, efectivamente, a caracterização do sistema corporativo.

0 PCP acaba também de fazer, e já o tinha feito através das intervenções do Sr. Deputado Jorge Leite, uma defesa, acirrada da autogestão. Na verdade, quem muda de vontade não é o PS, mas o PCP, porque nem no programa, nem nos propósitos do PCP ouvimos alguma vez defender o sistema autogestionário, arvorando-se agora aqui em defensor desse sistema.

Aplausos do PS.

O Sr. Jorge Leite (PCP):- Não é nada disso, Sr. Deputado!

O Orador: - Como já disse, não é esta a lei de bases da autogestão, não é por aqui que nós vamos ao sistema autogestionário.

Por último, o Sr. Deputado Lino Lima referiu-se, salvo erro, aos princípios colectivistas do PS e aos princípios personalistas do CDS. Julgo que é um lapso do Sr. Deputado Lino Lima, pois nós não defendemos a colectivização da vida social e económica, mas sim a sua socialização. Portanto, agradecia ao Sr. Deputado Lino Lima que me dissesse se é um lapso da sua formulação, ou se foi mesmo isso que ele quis dizer. Mas se foi isso que quis dizer, nós repudiamos essa formulação do Sr. Deputado Lino Lima.

O Sr. Presidente: - Pode responder já Sr. Deputado Lino Lima, se desejar.

O Sr. Lino Lima (PCP): - Sim, Sr. Presidente, já tive uma vez ocasião de dizer à Câmara que, em circunstâncias idênticas, é esse o meu desejo.

O Sr. Deputado Marcelo Curto fez algumas considerações e fez algumas perguntas, que, se não fosse a circunstância de o conhecer há muitos anos e de estarmos aqui na Assembleia da República, me levariam a perguntar-lhe se as perguntas e as considerações eram uma mera brincadeira de mau gosto.

Risos do PCP.

Dizer que a crítica que se faz ao INEA é uma matéria de especialidade - quando todo o projecto de lei n.º 100/I está «recheado» de INEA, está concebido, na sua generalidade, em função da existência de um órgão que é o INEA - , não pode passar senão de uma brincadeira de mau gosto da parte do Sr. Deputado Marcelo Curto, ou então o Sr. Deputado Marcelo Curto quer brincar comigo, o que me parece que também será de muito mau gosto.

O Sr. Herculano Pires (PS): - Eu também acho.

Uma voz do PS: - Tão cândido!

O Orador: - Não sou assim tão cândido, como o Sr. Deputado pensa. Agora há uma coisa que eu não sou: é parvo. E já não sou parvo há muitos mais anos que o senhor, que é muito mais novo do que eu.

Aplausos do PCP.

O Orador: - Pergunta-me o Sr. Deputado Marcelo Curto por que é que nós dizemos que em razão dos vossos projectos não haverá empresas em autogestão e pergunta-me ainda por que razão é que, eu faço esta crítica.

Sr. Deputado: penso que foi muito infeliz nesta pergunta. É que eu faço esta crítica em nome dos princípios que vocês têm no vosso programa e que vocês sempre têm dito que defendem e que agora, na prática, negam de uma maneira rotunda. É dessa forma que faço a acusação.

Aplausos do PCP.

Finalmente, Sr. Deputado, quanto ao problema de colectivização e socialização... olhe, Sr. Deputado, aquilo que eu quis pôr em evidência foi: que as concepções sobre este problema do Partido Socialista e do CDS são antagónicas. Estarei, porventura, equivocado? Creio que não. Faço-lhe a justiça de saber que não estou equivocado e, consequentemente, não tenho de lho responder, porque o senhor fez-me uma pergunta de que sabe perfeitamente a resposta.

A Sr.ª Ercília Talhadas (PCP): - Muito bem!

O Sr. Marcelo Curto (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente:- Para que efeito deseja usar da palavra, Sr. Deputado?

O Sr. Marcelo Curto (PS): - Sr. Presidente, é para um protesto.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Marcelo Curto (PS): - Em primeiro lugar, permito-me continuar a não entender e a repudiar a