às maiores desumanidades, à maior violência contra o povo português.
Aplausos do PCP e de alguns Deputados do PS.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Oliveira Dias.
O Sr. Carlos Lage (PS): - Dá-me licença que o interrompa?
O Orador: - Desculpe, mas não deixo interromper-me.
Quanto ao Sr. Deputado Carlos Brito, penso que as suas palavras, o ,seu protesto, o seu contraprotesto e o que proferiu em defesa da sua honra se referem à parte da minha declaração de voto de ontem em que aludia à ocupação do jornal República. Quero dizer ao Sr. Deputado Carlos Brito que não julgo que nisso possa ser vista qualquer atitude ofensiva da minha parte. Penso que o Partido Comunista tem a sua lógica própria, tem os seus valores e as suas coordenadas e que obedece a elas, de tempo para tempo, segundo o que julga mais indicado...
O Sr. Carlos Brito (PCP): - O senhor sabe que isso é falso!
O Orador: - Não vejo, pois, qualquer incoerência ou ofensa.
Vozes do CDS: - Muito bem!
O Sr. Victor Louro (PCP): - É pior a emenda que o soneto!
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.
Risos do PSD e CDS.
...e que não há um só documento do meu partido em que apareça qualquer apoio a esse processo.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Acácio Barreiros para uma declaração política.
O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tem esta Câmara discutido, desde há duas sessões, ameaças fascistas às liberdades democráticas provenientes de responsáveis municipais. A UDP sobe hoje a esta tribuna para levantar também o seu protesto e a sua indignação contra atentados reaccionários às liberdades democráticas.
Beja assistiu ontem a um espectáculo que fez recordar, efectivamente, os tempos antigos e as muitas e muitas noites que o seu povo viveu na repressão da PIDE, da polícia de choque e da GNR. Ontem pela manhã, polícia à paisana, sem mandatos de captura, deteve em Beja doze antifascistas que imediatamente levou para um posto, onde lhes foram feitas agressões, e que pouco depois transferiu pana Monsanto, aqui bem perto e de Caxias. Quando os populares e familiares desses presos procuravam explicações e protestavam à entrada da cadeia, a política de choque carregou sobre eles ferindo mais de uma dezena de antifascistas.
Este simples relato dos acontecimentos faz mostrar que o que ontem se viveu em Beja pouco tem de diferente de muitos e muitos dias de repressão fascista que o povo alentejano suportou.
Eram doze trabalhadores, doze antifascistas bem conhecidos, entre os quais o Dr. Manuel Pegado, advogado da comissão distrital da UDP e antigo delegado do Ministério do Trabalho, donde foi saneado pelos reaccionários contra a vontade dos trabalhadores; António Freitas, dirigente sindical da direcção da delegação do Sindicato da Construção Civil; João Manuel Matos Alhinho; António Albino Branco Julião; Domingas Branco Castanho; José António Horta Cascalheiro; José Amílcar da Silva Garcia; Pedro Jorge Pacheco Pegas; António Baltasar Ambrósio Cresco Palminha; Joaquim António Cabrita; José António Carvalho Ganhão, e ainda Artur Silva. Foram detidos doze antifascistas para os quais havia um só mandato de captura, para o Dr. Manuel Pegado; todos os outros presos, sem sequer terem mandato de captura, vieram para Lisboa, como se fazia nos antigos tempos, ao mesmo tempo que a polícia de choque carregava sobre os populares que se concentravam para protestar contra estas prisões arbitrárias.
Na verdade, Beja tem vivido tempos que fazem recordar os tempos antigos. Ainda há poucos dias, antes destas prisões, foi a vez da GNR carregar normalmente sobre os trabalhadores quando estes pretendiam recolher os frutos pendentes que eles próprios tinham semeado e que a GNR lhes havia roubado para entrega aos latifundiários.
Agora foram estas prisões em Beja e é justo que a gente pergunte porque é que essa repressão se abate sobre a UDP: Porquê atingir uma organização antifascista a UDP? Porquê esta Câmara estar aqui a levantar e a aprovar protestos contra ameaças fascistas vindas de homens do PPD e do CDS para logo a seguir a repressão no Alentejo se abater sobre uma organização antifascista - a UDP? É que, Sr. Presidente e Srs. Deputados, na verdade, a União Democrática Popular, pela intransigência das suas posições, pela defesa intransigente da Reforma Agra-