destas bancadas, comungámos e participámos. Mas depois do 25 de» Abril assistimos a dois fenómenos diferentes: um que foi o renascer do separatismo açoriano, outro a manutenção sufocada do ideal autonómico. É preciso que fique claro -e aí queria manifestar o meu inteiro acordo com as afirmações do Sr. Deputado João Luis Medeiros - que o separatismo não se combate com cargas policiais. O separatismo combate-se, sim, pela prática constitucional da autonomia e aquilo por que este partido e esta bancada se têm batido é precisamente por que essa autonomia seja respeitada e assumida em toda a sua plenitude e em todas as suas virtualidades.

O Sr. António Lacerda (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Ora, infelizmente -é preciso que isso fique claro-, sob a capa do espantalho separatista o que se tem contrariado, o que se tem tentado abafar é o próprio processo autonómico açoriano, è a autonomia que incomoda muita gente...

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PS:- - Não apoiado!

O Orador: - ..., é o desenvolvimento regional, é o desenvolvimento do poder local que contraria um Estado centralizador, poder local que nos Açores, na Madeira e no Continente são contrariados porque não convêm ao Poder Central.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PS: - Não apoiado!

O Orador: - É preciso que fique claro que o Estatuto provisório que o VI Governo Provisório votou não foi sequer aplicado na íntegra e que ainda hoje estamos à espera que a transferência dos serviços periféricos...

O Sr. Armando Bacelar (PS):- Não quiseram!

O Orador: -... que o Estatuto provisório mandava efectuar se concretize. Sabemos das objecções que a essa transferência puseram vários ministros, sabei-mos das que ainda hoje continuam a ser postas. Sabemos também que efectivamente existe -e o Sr. Deputado disse-o, mas esqueceu-se de o dizer como autocrítica- uma prática sistemática de agitação, praticai essa que oculta a realidade dos problemas e muitas vezes os mistifica. E eu não gostaria de me alongar recordando o célebre caso da bandeira hasteada, que foi proposta de um vereador eleito na lista do Partido Socialista.

Gostaria de salientar, portanto, que vai chegando o tempo - repito aquilo por que comecei - de na Assembleia da República o problema da autonomia das Regiões da Madeira e dos Açores ser encarado com o respeito que a vontade das populações nos deve merecer.

Finalmente, o grande motivo do meu protesto era dizer ao Sr. Deputado que o povo dos Açores não pode aceitar as expressões que são injuriosas para a sua escolha, que são injuriosas para sua opção política...

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: -..., mas gostaria de lhe dizer, Sr. Deputado, que a autonomia tem que ser encarada por esta Assembleia com seriedade, com respeito pelos interesses das populações e pela sua vontade, porque tudo isso é não só a autonomia, como o sentido inteiro da democracia que perfilhamos.

Aplausos do PSD.

O Sr. João Luís Medeiros (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para um contraprotesto.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. João Luís Medeiros (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Eu pretendia contraprotestar relativamente algumas das afirmações do Sr. Deputado Magalhães Mota, mas tenho, no entanto, a assinalar uma coisa positiva que me apraz registar e que é a atitude solidária que o Sr. Deputado Magalhães Mota teve para com o seu colega das ilhas, pois isto prova que existe solidariedade em algumas hostes do PPD/PSD em relação às ilhas.

Risos do PS.

Em todo o caso, não podemos de maneira nenhuma consentir que o Sr. Deputado Magalhães Mota considere as nossas afirmações como menos sérias, porque quanto a conhecimento do desejo e das aspirações do povo insular o Sr. Deputado não pode ter a veleidade de se arvorar aqui em homem que conhece melhor do que nós, que lá nascemos, lá vivemos ei lá queremos viver, a realidade açoriana.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, também queria dizer que o Sr. Deputado Magalhães Mota sabe perfeitamente, como homem que pertence às cúpulas do PSD/PPD, que o Governo Regional ficou muito ofendido com o comunicado das jornadas socialistas realizadas naquele arquipélago. E houve até um porta-voz oficioso, ou seja, um elemento do Governo Regional açoriano, que tem aparecido muitas vezes na televisão e que quase se confunde com um locutor, que apareceu no écran a falar sobre o assunto.

Aplausos do PS.