dos fixarem a ordem do dia dos trabalhos regimentais e dá-lhes, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o direito de requererem uma votação para que tudo fique claro, para que as oposições e as minorias tenham voz, como em democracia cumpre. É que não é só o problema do Regimento que aqui está em causa. O que está em causa com esta votação é o problema da democracia portuguesa, do funcionamento desta Assembleia, que assim vê abafadas todas as possibilidades e todas as oportunidades que uma oposição tem de se manifestar.

Aplausos do PSD.

Vozes do PS: - Não apoiado!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados, o que acaba de fazer-se ...

O Sr. Guerreiro Norte (PSD): - É uma tirania!

O Orador: - ... é uma violação do Regimento ...

Protestos do PS.

..., Regimento que é não só a regra desta Câmara mas, mais do que isso, é a defesa das minorias, é a defesa das oposições, é a defesa da democracia.

Aplausos do PSD.

Uma voz do PS: - Isto é uma provocação!

O Orador: - O que a maioria da Câmara acaba de fazer...

Uma voz do PS: - É uma votação.

O Orador: - ... é retirar às oposições o direito que o próprio Regimento lhes confere de poderem colher a voz da Assembleia sobre os seus próprios projectos de lei.

Aplausos do PSD.

O que aqui se processa, sob um artifício regimental, é calar uma oposição.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Julgávamos que isso tivesse terminado neste país.

Aplausos do PSD.

Isso tínhamos o direito de esperar, isso tínhamos o direito de exigir.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Comecei por dizer que se. tinha estabelecido um precedente grave, mas o que eu espero desta Assembleia é que a nossa dignidade, o nosso respeito, aquilo que nos une como democratas transforme este grave incidente em qualquer coisa que possamos esquecer, mas que não seja realmente um precedente.

Vozes do PSD:- Muito bem!

O Orador: - Estaríamos aí a estabelecer qualquer coisa de extremamente grave. £ eu queria dizer que nem o inteirasse ocasional de dois grupos parlamentares de evitaram pronunciar-se sobre uma questão candente, que nem o interesse de dois grupos parlamentares de manterem ai ambiguidade e a indefinição que sobre esta matéria se vem arrastando desde Novembro de 1976, como projecto de lei pendente, nem mesmo esse interesse pode justificar a grave infracção a que acabamos de assistir.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Amaro da Costa para uma declaração de voto.

O Sr. Amaro da Costa (CDS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: A intervenção do Sr. Deputado Magalhães Mota foi exagerada...

O Sr. Armando Correia (PSD): - Exagerada por defeito!

O Orador: - ... e manifestamente não corresponde nem à verdade dos factos, do ponto de vista do meu partido, nem à análise da situação tal como da se coloca.

Será que foi negado ao PSD o direito de usar da palavra a propósito do quer que seja?

Vozes do PSD: -Foi!

O Orador: - Será que foi negado ao PSD o direito de se pronunciar sobre o que bem entendesse?

Vozes do PSD: - Foi!

O Orador: - Nada disso se passou.

Risos do PSD e do PCP.

O que se passou pura e simplesmente foi a votação do recurso interposto peio PSD em relação a uma decisão da Mesa, respeitante à admissão do requerimento elaborado por Deputados do CDS e por Deputados do CDS...

Risos gerais.

... quero dizer, por Deputados do CDS e do PS.

Agrada-me imenso que depois das tiradas trágicas do Sr. Deputado Magalhães Mota...

O Sr. José Luís Nunes (PS): -Muito bem!

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - O que o Sr. Deputado está a dizer é que é trágico para a democracia portuguesa.

O Orador: - ...eu tenha tido a oportunidade de dar à Assembleia um momento cie distensão e de descontracção.

Uma voz do PSD: - Olhe que não, Sr. Deputado. Não diga asneiras!

O Orador: - O que estava em causa, portanto, era apenas a votação acerca de um recurso interposto pelo PSD a propósito da admissão pela Mesa de um