Partido Socialista e entende sublinhar, desde já, a grande e urgente oportunidade deste voto.

Na verdade, a campanha que desde há dias se intensificou contra o Presidente da República como órgão e como cidadão, tendo por centro a pessoa do Sr. Sã Carneiro, atingiu proporções tais que grave seria que a Assembleia da República não a condenasse com a maior firmeza.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - 0 Grupo Parlamentar do PCP entende declarar solenemente a sua repulsa e o seu repúdio pelos termos em que essa campanha se vem desenvolvendo contra o Presidente da República como órgão e contra o Presidente da República como cidadão.

Aplausos do PCP, do PS e do CDS.

Não se trata, como aqui já foi dito, da liberdade crítica democrática a um órgão de Soberania, por mais importante e alto que seja no quadro dos nossos órgãos institucionais. Na verdade, não é disso que se trata. A campanha é uma operação ...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - ... que visa o regime democrático-constitucional por inteiro, que põe em causa todos os órgãos de Soberania.

Aplausos do PCP e do PS.

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Não apoiado!

O Orador: - A campanha traduz-se já descaradamente num apelo ao voto, a campanha assume-se num estilo calunioso que é incompatível com a própria vida em regime democrático.

Vozes do PSD: - Não apoiado!

O Orador: - É certo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que esta campanha também assume frequentemente formas das mais ridículas, porque conhecemos os seus promotores, conhecemos as suas capacidades e conhecemos a sua representatividade.

Na verdade, Sr. Presidente e Srs. Deputados, não acreditamos que qualquer dos nossos pares, presentes e ausentes, seja a encarnação da vontade popular.

Aplausos do PCP e do PS.

Nós conhecemo-nos aqui todos, sabemos quanto pesamos e sabemos o que representamos.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Já aprenderam alguma coisa!

O Orador: - Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, estas notas risíveis da campanha não podem, de maneira nenhuma, ocultar a extrema gravidade

de que se reveste e até o preocupante das tonalidades que assume. Quando se afirma que não há outra alternativa senão o autoritarismo, quer queira

mos, quer não,...

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Claro!

Aplausos do PCP e do PS.

Não é por acaso que os próprios promotores da campanha, de há meses a esta parte, falam do «sonho mexicano».

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Há dois anos já falei eu!

O Orador: - Há dois anos já! Eu registo, porque isso dá mais força ao meu argumento.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - E há quem seja social-fascista!

O Orador: - Social-fascista, Sr. Deputado Pedro Roseta, olhe que é uma designação que não lhe fica mal.

Aplausos do PCP e do PS.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - A si, a si!

O Orador: - Como ia dizendo, é uma designação que não lhe fica mal, sobretudo depois dos seus últimos artigos doutrinários em que se aliam as preocupações sociais ao apelo à autoridade.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Vá dizer isso ao Brejnev!

O Orador: - Devo dizer-lhe, para seu esclarecimento, embora o senhor seja uma pessoa entendida nestas coisas, que foi exactamente nesse contexto que apareceu na Alemanha, em 1931-1932, o termo social-fascismo.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Engana-se, foi por causa do Partido Comunista Alemão!

O Orador: - Ele visava designar, exactamente, posições político-ideológicas como aquelas que o Sr. Deputado tem afirmado recentemente.

Aplausos do PCP.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Foi o Partido Comunista Alemão quem provocou a subida ao poder do nacional-socialismo!