crise do Verão de Julho de 1974, na chamada tentativa Palma Carlos e Sá Carneiro.

Uma voz do PSD: - E em 1975?

O Orador: - Na verdade, é o mesmo «sonho mexicano», mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, com a gravidade de que agora a democracia está institucionalizada, ...

Vozes do PCP e do PS: - Muito bem!

O Orador: - ... com a gravidade de que agora se trata de um desafio às instituições democráticas, de que agora se trata de uma oposição declarada ao

regime democrático.

Aplausos do PCP e do PS.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, vou já terminar.

A campanha em curso, pelo seu conteúdo, pelos seus objectivos e pelo seu baixo estilo, também, a nosso ver, está à margem da legalidade do nosso regime.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - É falso!

O Orador: - Mas não vamos pedir, não vamos reclamar qualquer medida quanto aos promotores da campanha - não está no nosso estilo, não está nos nossos métodos.

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Já agora!

O Orador: - 0 que propomos, para o que apelamos é que todas as forças que estão com o regime democrático-constitucional se unam para isolar politicamente os promotores desta campanha, como que um prolongamento do regime derrubado em 25 de Abril de 1974.

Aplausos do PCP e do PS.

Para o que apelamos é para a unidade de todos os que estão com o regime democrático-constitucional para isolar os advogados do autoritarismo.

E estamos certos de que o autoritarismo não passará.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Olha quem fala!

Aplausos do PCP e do PS.

O Sr. Presidente: - Como o Sr. Deputado Carlos Brito usou da palavra por dez minutos, vou conceder a palavra ao Sr. Deputado Cunha Leal e concedo-lhe o mesmo tempo.

O Sr. Cunha Leal (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Pedi a palavra para lavrar o meu protesto por tudo quanto aqui ouvi nesta Casa. Julguei eu que o 25 de Abril, como aspiração máxima de todos os portugueses, teria sido feito para conceder a todos e a cada um o direito de poderem livremente expandir e expor os seus pontos de vista.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E o que nesta Casa se está a fazer é precisamente condenar esse direito de cada um poder dizer livremente aquilo que lhe vai na alma.

Aplausos do PSD.

Não poderei ser apodado por ninguém de «sá-carneirista».

Risos do PS.

Tenho o direito de ser ouvido sem que me interrompam com os sorrisos néscios de quem quer que seja, porque dei provas, que outros não deram, de que no momento próprio me sabia comportar com uma dignidade que não vi a muitos dos que aqui tomam assento.

Aplausos do PSD.

Simplesmente acontece que até agora o meu partido ainda não tomou posição nesta Casa. No entanto, acontece, el pour cause, que procuram identificar com a opinião do partido a opinião que alguém livremente emitiu, invocando a simples circunstância de ser nesta altura um homem não afecto a nenhuma mecânica partidária.

Risos do PS.

Esta é a posição do meu partido. Bem me importa, pois, que alguém da bancada do CDS possa vir dizer, pela boca, que já nos cansa uni pouco, desse pequeno S. João Crisóstomo, o boca de ouro, palavras para atacar o partido, para atacar o Sr. Dr. Sá Carneiro. Não me importa que da bancada do Partido Comunista alguém possa vir defender o Sr. Presidente da República quando noutra altura já o atacou - e por que forma. Não me importa que o Sr. Dr. Manuel Alegre aqui possa vir dizer, em defesa do Sr. Presidente da República, aquilo que entendeu por bem dizer. Foi ele, que numa altura das eleições para a Assembleia da República, com as suas liberdades poéticas de grande poeta que é, disse que «seria ceguinho se algum dia me aliasse, por exemplo, ao CDS», quem aqui veio demonstrar que caiu em plena cegueira.

Aplausos do PSD.

15to não é trabalharmos para fazermos a democracia, isto não é senão especularmos sobre uma situação emocional ...

Uma voz do PSD: - Muito bem!

O Orador: - ... que só procura dissídios, em vez de procurar a forma de nos podermos entender. Não é por esses caminhos ínvios que se atinge a democracia, não é por esse trilhos, por essas sendas miserandas que se pode ascender até à liberdade de um povo. 0 que se pode é conseguir dissídios, inimizades, desagregações.

Uma voz do PSD: - Tem razão!