O Orador: - 0 meu protesto é simplesmente contra o facto de alguém se permitir imputar a um partido uma determinada posição sem o ouvir primeiro. Que espécie de sinceridade, que espécie de dignidade, que espécie de compostura pode haver nestes comportamentos?

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Muito bem!

O Orador: - É esta a essência do meu protesto.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tal como me é possível concluir, parece-me que o protesto se generalizou. Não vejo possibilidades de o focalizar ou centrar neste ou naquele partido. Efectivamente, não me oponho a que qualquer partido se sinta visado por este protesto e, portanto, darei a palavra às pessoas que ma pedirem para um contraprotesto.

Estão abertas as inscrições.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Amaro da Costa, suponho que para um contraprotesto.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Serei muito breve.

Com toda a franqueza, devo dizer-lhe, Sr. Deputado Cunha Leal, que não me importo nada que me compare com João Crisóstomo - tomara eu chegar-lhe aos calcanhares! -, nem tenho a pretensão de ser moeda que agrade a toda a gente.

Uma voz do PSD: - Moeda estrangeira!

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - E não só do Partido Social-Democrata.

O Orador: - É nítido que a seu tempo o Partido Social-Democrata considerou, através de vozes autorizadas, que a Constituição se identificava, em larga medida, com o programa do partido. E hoje é nítido que há dentro do PSD pessoas responsáveis que fazem uma leitura crítica da Constituição muito diferente, ou porventura bastante diferente daquela que realizavam há dois anos.

Vozes do PSD: - Você é um social-conservador!

O Orador: - É nítido que o Partido Social-Democrata sempre reclamou a existência de um governo maioritário e que o governo maioritário, uma vez existente, é agora considerado pelo Partido Social-Democrata insuficiente. 15to é, tem havido adaptações dos pontos de vista do Partido Social-Democrata a várias matérias importantes da vida política nacional, o que é legítimo, é natural e até posso considerá-lo salutar.

Do que se tratou na minha intervenção foi, sem particularizar o caso do Partido Social-Democrata e sem referir o nome de quem quer que fosse, dizer que na conjuntura actual o País sentirá que as forças políticas responsáveis têm obrigação de se definir claramente sobre um conjunto de questões, questões que têm a ver, hoje em dia, com matérias que se prendem com a essência do Estado e da organização do regime. Foi só nesse sentido que eu me pronunciei e agradeceria que não fosse sequer minimamente desvirtuado o sentido da minha intervenção, dado que este debat e é demasiado sério para o colocarmos em termos emocionais.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vilhena de Carvalho.

O Sr. Sérvulo Correia (PSD): - Muito bem!

O Orador: - ..., se eu ontem mesmo, mandatado pelo meu partido, aqui disse isso mesmo ...

O Sr. Sérvulo Correia (PSD): - Muito bem!

O Orador: - ..., pergunto ao Sr. Deputado Carlos Brito que autoridade pode ter para dizer que nós pretendemos um regresso ao passado?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Eu lembraria ao Sr. Deputado Carlos Brito que o meu partido pensa que a vida dos povos se comporta tal como os rios que nunca correm para a nascente, mas sim para a foz. Pensamos efectivamente que há um caminho a percorrer para o futuro e pensamos ainda que o futuro de Portu-