resumido de maneira mais franca e directa que as muitas páginas à nossa frente aquilo que os Portugueses podem esperar do ano de 1978 no campo económico e financeiro, que o Orçamento e Plano em boa parte configuram.

Dir-se-á, portanto, que para muitos dos portugueses tudo ou boa parte já está dato. Mais grave, ainda, se possível, é a convicção, igualmente generalizada, de que o debate pouco ou nada acrescentará. A essa ideia os terá habituado o comportamento de uma maioria que acima de tudo pretende impor a força dos seus votos somados ...

Uma voz do CDS: - Não apoiado!

O Orador: - ..., e é sensível aos argumentos e aos factos quando, em vez de denunciados nesta Assembleia, o são, por exemplo, em homilias episcopais...

Uma voz do PS: - Que tristeza!

O Orador: - ..., como aconteceu com a criminalidade, o que está certo; mas é incompleto.

Orçamento e Plano constituem, no entanto, ou constituiriam, a hipótese de o Governo demonstrar a viabilidade do seu programa, uma vez que, obrigado a quantificar e dotar, não lhe resta a evasiva fácil do debate em que apresentou o seu programa. Constituem ainda o teste à capacidade governamental de controlar a execução e compatibilizar sectorialmente o modelo de política económico-financeira que adoptou.

É por isso necessário e urgente que o debate seja real, autêntico e não mistificado.

Uma voz do PSD: - Muito bem!

opções tomadas foram maduramente pensadas e não fruto de improviso, do acaso, dos dados mal equacionados ou mal apreendidos.

Vozes do PSD: - Muito bem!

verificar que o Governo se louva em que «de 330 pedidos de admissão de pessoal (p. 5 do relatório) em três meses deferiu apenas 396 casos...». Claro que os 330 pedidos envolviam 714 pessoas, pelo que deferiu mais de 50% dos pedidos e também mais de 50% do encargo anual (87,4 malhares de contos de despesa pedida e 54,5 autorizados). Ou seja, a austeridade governamental poupou aqui 32,9 milhares de contos. Mas é mais importante realçar que a austeridade não era sentida nem assumiria por quem pediu provimentos inúteis, avalizando sem conceder a bondade da decisão que assim os considerou.

Ou de quem pediu 700 viaturas cuja aquisição não foi autorizada (p. 4 do relatório), sendo o relatório omisso sabre as autorizações concedidas, o que, já agora, também seria interessante conhecer-se...

Pormenores, dir-se-á, mas havemos de convir que significativos de uma gestão e do espírito que a informa.

Finalmente, o Governo concordará comigo - e concordaremos todos - que aqui estão neste Plano e Orçamento uma série de decisões com uma densidade de consequências que importa ter presente. Tomá-las com ligeireza, seria prova de imaturidade. Mas a imaturidade em política é culpa. Culpa de se tomarem decisões que afectam todo um país e todo um povo, sem assumir em plenitude a obrigação moral que isso implica.

Vozes do PSD: - Muito bem!