O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Leite.

O Sr. Jorge Leite (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não é para pedir esclarecimentos, é para repetir um esclarecimento que, pelos mistos, alguns Srs. Deputados, nomeadamente o Sr. Deputado Sérgio Simões, teimaram em não ouvir.

O Sr. Deputado começou por falar em incapacidade de oposição e por reafirmar a ideia, que nós julgávamos já desfeita, de que não havia alternativa para a política que é proposta para este país. Quer o Sr. Deputado goste quer não goste uma coisa há-de reconhecer, se de facto não deixar endurecer os seus ouvidos, como fazem as pessoas não interessadas no diálogo, é de que essa alternativa foi apresentada desde 1977, foi reafirmada durante a discussão doo Programa do Governo e já durante este debate foi claramente reafirmada.

Em segundo lugar, o problema de saber se esta política conduz ou não à recuperação capitalista, latifundista e em matérias tão graves como aquelas que estão ser aqui decididas, porque não acredito que os Srs. Deputados de da Assembleia sejam irresponsáveis. E não pensando que os Srs. Deputados desata Assembleia sejam irresponsáveis não penso que tenham a ilusão de que no seio do povo trabalhador português exista qualquer espécie de indiferença sobre aquilo que hoje aqui decide, apesar de não ter sido suficientemente informado sobre o grau de gravidade das matérias em discussão.

Sr. Presidente. Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Talvez- possa haver indiferença na forma como estes debates têm decorrido, mas os trabalhadores deste país têm neste momento a sua atenção totalmente concentrada sobre o que se decide nesta Assembleia onde eles puseram em maioria os Deputados do Partido Socialista e do Partido Comunista, porque os trabalhadores portugueses não podem acreditar que aos resultados desta votação já estejam garantidos de avanço.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Depois de se ter querido explicar aos trabalhadores portugueses que toda uma série de medidas tomadas contra eles eram necessárias para que se pudesse avançar para o socialismo, afirma-se agora que o conjunto das novas medidas, que o novo Governo tem vindo a tomar, já não tem como objectivo permitir avançar para o socialismo, que já não estaria mais na ordem do dia, mas unicamente para consolidar a economia e a democracia.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Os trabalhadores portugueses têm uma grande experiência, os trabalhadores portugueses são inteligentes; os trabalhadores portugueses sabem verificar, comparar e tirar conclusões da sua experiência e das afirmações de uns e de outros. Os argumentos têm mudado vertiginosamente, as formas de aliança e coligação também, entre os dirigentes políticos e as diversas formações partidárias. Aqueles que ontem eram reaccionários passaram a ser democratas, aqueles que eram democrata, passaram a ser chamados reaccionários, para serem chamados amanhã, outra vez, de democratas. Mas, para os trabalhadores, as fases têm um conteúdo real que lhes é dado pela dura experiência de vida.

E se os dirigentes políticos têm mudado de palavra e formalmente de concepções, em poucos meses, os trabalhadores portugueses não têm mudado senão numa melhor compreensão daquilo que leva os dirigentes políticos a mudarem todos os meses de frases

Nesta Assembleia, apesar das propostas de PCP, do PPD e do MIRN da sua dissolução prematura, continua a existir uma maioria de Deputados do PS e do PCP.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: A gravidade - eu permito-me mesmo dizer -, a brutalidade das medidas que o Governo acaba de anunciar, das medidas que decorrem deste Orçamento Geral do Estado e este Plano a gravidade que elas implicam - a serem aplicadas -, não devem escapar a VV. Ex.ªs