contrário aos trabalhadores. Mas não são estes pequenos jogos parlamentares que mudarão a realidade das coisas.

Sr. Primeír0-Ministro, não se pode brincar com a História. Todos aqueles que o tentaram acabaram por ser rejeitados por ela. O futuro da História pertence as classes trabalhadoras.

Srs. Deputados do PS e PCP, Sr. Primeiro-Ministro Mário Soares: As classes trabalhadoras deste país deram-nos a maioria nesta Assembleia, as classes trabalhadoras deste país depositaram confiança nos senhores, as classes trabalhadoras deste país vão dizer-vos de novo: parem com esta política, afastem o CDS, o PPD e a hierarquia militar do Governo. Constituam o Governo PS/PCP, sem representantes da burguesia, para que as medidas que permitem resolver a crise possam começar a ser tomadas. É essa a via da consolidação da democracia e de salvar a economia. É essa a via que os trabalhadores têm o direito de vos exigir.

Srs. Deputados do PCP, os trabalhadores portugueses não podem compreender que a direcção do vosso partido, que se recusa a propor a Constituição do Governo PS/PCP, proponha a dissolução desta Assembleia onde o PS e o PCP se encontram em maioria! Os trabalhadores não podem compreender que no preciso momento em que o Governo com o CDS tome medidas brutais contra os trabalhadores o secretário-geral do vosso partido, Álvaro Cunhal, venha declarar-se disposto a apoiar o Governo com o CDS se este tomar medidas positivas! Srs. Deputados do PCP, como é que é possível que um Governo com o CDS tome medidas positivas? Será uma medida positiva pôr o salário mínimo a 5700$00, quando a reivindicação dos trabalhadores portugueses antes do 25 de Abril era já de 6000$?

Expliquem-nos como é que os trabalhadores podem viver hoje com 5700$!

Srs. Deputados do PCP, por que não propõem vocês aquilo que o povo trabalhador quer, aquilo por que os vosso militantes aspiram? Porque não põem vocês a constituição do Governo PS/PCP?

O Sr. António Simões (CDS): - Vamos a outra revolução!

A Oradora: - Não o fazer não é levar este país para o impasse? Não o fazer não é atirar o País para novas crises e novas aventuras?

Sr. Deputados do Partido Socialista, nós não fomos eleitos para esta Assembleia para fazer votar esta política. Não fomos eleitos para esta Assembleia para fazer a política do CDS, do impasse, da crise e da aventura, mas para fazer a política que fez do PS o maior partido dos trabalhadores, portugueses e, em grande medida, o garante da democracia a política que decorre do programa do nosso partido, a política pela qual milhões de trabalhadores votaram em nós

Eu compreendo que os dirigentes do PS, que Mário Soares, que connosco constituíram o partido, se encontrem numa situação difícil. Mas, todos vocês podem compreender, hoje, que o caminho no qual a direcção do, partido sei empenhou é um caminho perigoso, é um caminho que, não permitindo resolver qualquer problema, os vai agravar a todos, vai arras-

lar o país para uma crise sem precedentes, vai criar condições para aventuras extremamente perigosas.

Dizer-se que é necessário sacrificar um partido, com esta política, à democracia é cair-se num perigoso logro que só interessa aos diversos inimigos do partido e da democracia. Esta política, a ser seguida, levará ao sacrifício do partido, mas com ela poderá levar também ao sacrifício da democracia.

Srs. Deputados do Partido Socialista, os socialistas estão hoje a lutar contra estas medidas, contra este Plano e este contra o Orçamento. Em todo o País os socialistas continuam de pé, a lutar pelas empresas, nas herdades, nos bairros e nas escolas.

O socialismo continua vivo no coração dos trabalhadores, na sua consciência e na sua acção.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Como sempre fiz, sem qualquer ambiguidade, voto de novo com os trabalhadores contra este Plano e este Orçamento. Voto pelo Governo PS/PCP, sem