O Orador: - ... visto que o Jornal Novo é, como sabe, um jornal independente, e não o porta-voz oficial do pensamento do nosso partido.

Risos do PS e do CDS.

Uma voz do PS: - É autónomo?

O Orador: - Não compreendemos assim ao que vem a sua alusão.

Uma voz do PS: - Hipócrita!

O Orador: - Queria finalmente dizer ao Sr. Deputado Carlos Lage que certamente não terá entendido as minhas palavras perfeitamente. Só assim poderá afirmar que elas teriam como intuito atenuar ou reduzir a nada. os actos cobardes da agressão de que foi vitima o Dr. Almeida Santos. Já o disse, já o repetimos e já o dissemos por todas as vias e por todas as maneiras. Mas digo ao Sr. Deputado Carlos Lage, até que o entenda, que o Partido Social-Democrata repudia esses actos energicamente, bem como todos os actos de violência.

Uma voz do PS: - Mas não condenam os autores!

Uma voz do PS: - É verdade!

O Orador: - Com isso ele não está a desmotivar a violência. Está sim, a incentivar a violência, está a provocar todo um povo, que se sentirá, justamente, ofendido com essas palavras.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Temos de nos entender agora em matéria de inscrições.

O Sr. Deputado Carlos Lage fez um protesto a que o Sr. Deputado Moura Guedes respondeu com um contraprotesto, mas a verdade é que o Sr. Deputado Lopes Cardoso também estava inscrito. Pode ser, no entanto, que a intervenção do Sr. Deputado Manuel Alegre tenha outro sentido para além de uma intervenção vulgar.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, é para um protesto e para uma explicação.

O Sr. Presidente: - Se é para um protesto, tem direito a usar imediatamente da palavra.

Tenha a bondade.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Pensava há pouco fazer uma pergunta ao Sr. Deputado Moura Guedes, que era a seguinte: se o seu partido, ou o seu grupo parlamentar, estava de

acordo com o teor do comunicado da comissão política do PSD de S. Miguel, comunicado que eu tive ocasião de referir aqui e que eu próprio classifiquei como cobertura legal ao separatismo e ao terrorismo.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Não preciso de fazer a pergunta porque a acusação feita, durante a intervenção do Sr. Deputado Moura Guedes, ao Ministro Almeida Santos coincide, nos termos e na intenção, com o comunicado da comissão política local do PSD.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Nós fomos aqui acusados de empolar os incidentes. Já teve ocasião de dizer o meu camarada Carlos Lage, opinião que eu reforço, que o que se passou nos Açores foi um acto de violência política, um acto de terrorismo contra um cidadão, contra um membro do Governo, um desafio à autoridade do Estado.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Nós não estamos a empolar. Quem está a fazer tudo para minimizar o que não pode ser minimizado é o Grupo Parlamentar do PSD.

Aplausos do PS.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Nós pensamos que em matéria desta natureza devia haver um mínimo de solidariedade nacional e de solidariedade democrática. Constatamos, no entanto, que o PSD coloca interesses partidários acima do interesse nacional.

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - Muito bem!

O Orador: - Pelo teor da intervenção do Sr. Deputado Moura Guedes, não podemos deixar de ver conexão entre o terrorismo em Ponta Delgada e manobras políticas desestabilizadoras no continente.

Aplausos do PS, do PCP, de alguns Deputados do CDS e dos Deputados independentes Lopes Cardoso, Vital Rodrigues e Aires Rodrigues.

O Sr. Presidente: - Antes de dar a palavra ao Sr. Deputado Meneres Pimentel, gostava de chamar a atenção dos Srs. Deputados independentes, porque estão um bocadinho excitados, sem razão. Trata-se de um incidente que se enxertou dentro do próprio Regimento, que este contempla, que são os protestos e contraprotestos.

O Sr. Lopes Cardoso (Indep.): - Eu já tinha pedido a palavra para fazer um protesto.

O Sr. Presidente: - Nesse caso já lhe devia ter concedido a palavra. O Sr. Deputado Lopes Cardoso far-me-á a justiça de acreditar que, se eu tivesse percebido que se tratava de um protesto, já lhe tinha concedido a palavra. Eu já lha concedo.

Entretanto, tem a palavra o Sr. Deputado Meneres Pimentel.