O Orador: - Na verdade, o Sr. Deputado Furtado Fernandes, para além desse equivoco . . .

O Sr. Furtado Fernandes (PSD): - A sua cabeça é que é um equivoco!

O Orador: - . . ., que não está esclarecido na sua atitude e que era importante ser esclarecido, ouve mal. Aliás, facto que se confirma de anteriores intervenções suas aqui na Assembleia da República. Primeiro, eu não referi . . .

O Sr. Jaime Serra (PCP): - Ele ouve mal! . . .

O Orador: - ... a necessidade de não partidarizar o 1.° de Maio. O que disse é que não ia fazer uma apropriação partidária, mas sublinhar o carácter unitário, o carácter não sectário das manifestações. E quando referido carácter unitário e não sectário das manifestações, comecei por dizer que era sumamente unitário e sumamente, não sectário,

O Sr. Caceia Leitão (PSD): - Então o que é sectário?...

O Orador: - Naturalmente isto significa que foi mais unitário que noutros anos, mas não significa que nos outros anos não tenha sido unitário.

Quanto ás suas últimas considerações, Sr. Deputado, digo-lhe o seguinte: por uma questão de pedagogia, não lhe respondo.

Vozes do PSD: - Ah! Ah!...

O Orador: - Porque repare, Sr. Deputado, já vai sendo tempo, Sr. Deputado Furtado Fernandes, de sermos capazes de discutir sobretudo na Assembleia da República - com a dignidade de representantes do povo português; com a dignidade que a nossa função de Deputados- implica e não desse modo provocatório que revela (aplausos do PCP), desculpe que lhe diga, falta de inteligência política, incapacidade e incompetência para discutir os problemas nacionais, tudo isto que está na base dos problemas com que se debate o Partido Social-Democrata.

Aplausos do PCP.

Risos do PSD.

O Sr. Furtado Fernandes (PSD): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado pede a palavra para um protesto?

O Sr. Furtado Fernandes (PSD): - Naturalmente, Sr. Presidente!

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Furtado Fernandes (PSD): - O protesto é extremamente breve.

O Sr. Deputado Carlos Brito efectivamente não respondeu à minha pergunta, longe disso!

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Não era capaz disso.

O Orador: - Sr. Deputado, não irei dizer que isso é uma falta de inteligência política, direi, aliás, que é uma prova da sua inteligência política, porque o Sr. Deputado sabia que não conseguia, de uma forma plausível, responder à minha questão.

Aplausos do PSD.

O sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, dá-me licença? É para um contraprotesto.

O Sr. Presidente: - Faça o favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - O Sr. Deputado Furtado Fernandes insiste nos vícios que há pouco já caracterizei, uma vez que vem afirmar que eu não respondi à sua pergunta, depois de eu ter dito que não respondia à sua pergunta.

Risos do PSD e PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lucas Pires para uma intervenção.

O Sr. Lucas Pires (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É apenas para uma breve intervenção no exercício da minha qualidade de representante, nesta Assembleia, do distrito do Porto. Tive ocasião de percorrer recentemente, de maneira demorada, como Deputado eleito pelo círculo do Porto, o concelho de Felgueiras, naturalmente no distrito que represento nesta Assembleia.

Antes de mais, cumpre-me assinalar aqui a minha satisfação pelo que me foi dado ver em termos de progresso local. Senti, de resto, que o clima de urbanidade, paz e progresso da nossa vida local talvez seja uma boa forma de cura para certos excessos de nervosismo que muitos problemas nacionais geram, naturalmente, na cena política. Pareceu-me que o nosso pais se reconstruirá mais facilmente se, na óptica de todos, estiver também presente a sua reconstrução a partir de baixo, a partir das nossas aldeias, vilas e cidades.

Pude aperceber-me directamente do empenho e da salutar vaidade com que os carece e cuja falta, de certo modo, sabota a linha ascensional de progresso que o bairrismo dos Felgueirenses vem propiciando.